Eslavos do Leste
Os Eslavos do leste são o grupo étnico que deu origem aos povos da Rússia, Ucrânia e Bielorrúsia. Cada uma das muitas nacionalidades da Rússia tem uma história separada e origens complexas. As origens históricas do estado russo, entretanto, são principalmente aquelas dos eslavos do leste e dos povos fino-ugrianos assimilados do nordeste da Europa.
Habitantes da planície do Leste Europeu
Muitos povos de diversas etnias migraram para a planície central européia. Porém os eslavos, que chegaram posteriormente, gradualmente se tornaram dominantes.
Muito antes da organização da Rússia de Kiev, povos indo-arianos viveram na área que hoje é a Ucrânia. O mais conhecido destes grupos era o dos nômades cítios, que ocuparam a região do século VI a.C. até o século II |d.C. e cuja habilidade nas guerras e na cavalaria era notável. Entre o século I D.C. e o século IX, godos e nômades hunos, avaros e magiares atravessaram a região em suas migrações. Apesar de muitos deles terem subjugado os eslavos na região, aquelas tribos deixaram pouca coisa de significativo. Mais importante neste período foi a expansão dos eslavos, que foram agricultores, criadores de abelhas, e também caçadores, pescadores e pastores. Por volta do século VI, os eslavos eram o grupo étnico predominante na planície do leste europeu.
Pouco se sabe sobre a origem dos eslavos. Filólogos e arqueólogos crêem que os eslavos se estabeleceram muito cedo nos Cárpatos ou na região da atual Bielorrússia. Por volta do ano 600, eles já haviam se separado lingüisticamente em ramos ao sul, a oeste e a leste da região. Os eslavos do leste se estabeleceram ao longo do rio Dniepr no que é hoje a Ucrânia; posteriormente se estenderam para o norte do vale do rio Volga, a leste da atual Moscou (Moscovo), e para oeste, até o norte das bacias dos rios Dnestr e Bug, nas atuais Moldova e sul da Ucrânia. Nos séculos VIII e IX da Era Cristã, muitas tribos eslavas do leste pagavam tributo aos cazares, um povo de língua turca que adotou o judaísmo no final dos séculos VIII ou IX, e que viveram ao sul do rio Volga e no Cáucaso.
Eslavos do leste e varegues (Väringar)
Por volta do século IX, guerreiros e comerciantes da Escandinávia, chamados "varegues" (väringar), (mais comumente conhecidos como Vikings), já tinham penetrado nas terras eslavas do leste. Eles ocasionalmente combatiam o povo local, conhecido por eles como rus, e utilizavam os vencidos como escravos, ou slav. Acredita-se que os termos "russo" e "eslavo" tenham sido cunhados ou adaptados pelos escandinavos, dos quais os termos usados atualmente tenham se originado.
Principado de Kiev
O primeiro estado eslavo na região foi o Rus' de Kiev. Antigas sagas islandesas e runas chamam o território russo de "Gardariki" (Terra das cidades), posteriormente conhecidas pelos nomes de "Pequena Rússia" (= Ucrânia) e Grande Rússia. De acordo com estas sagas, o país estava dividido em três partes principais: Holmgård (Novgorod), Könugård (Kiev) e Palteskja (Polatsk). A região de Kiev era considerada a melhor terra de todo o país. O território fora destas três porções era visto pelos noruegueses como a terra dos tártaros. Exportações de escravos, peles, mel e cera contribuíram para o crescimento de Kiev e de Novgorod. As duas cidades rivalizavam com outras cidades européias em tamanho, riqueza e belezas arquitetônicas.
Em 988 a região adotou o cristianismo, com a oficialização do batismo de habitantes de Kiev por São Vladimir; e, alguns anos depois, foi introduzido o primeiro código de leis, chamado de "Russkaya Pravda". Quando comparada com as outras línguas da Europa cristã, nota-se que a língua russa foi pouco influencidada pelo grego e pelo latim dos primeiros escritos cristãos. Isto foi graças ao fato de que o idioma eslavo (hoje chamado de Eslavo Litúrgico) foi diretamente usado na liturgia desde então.
O nome "Rus", que deu origem a "Rússia" provavelmente vem da palavra finlandesa "Ruotsi" e da estoniana "Rootsi", que por sua vez derivam de "Ródr", remadores. No finlandês atual, "Ruotsi" significa Suécia. O significado de Rus é tema de debates, mas a versão mais aceita é de que era uma forma comum de os vikings se autodenominarem quando viviam fora de sua terra natal, em companhia de outros povos.
Bulgária do Volga
Bulgária do Volga ou Bulgária Volgaica ou Volga-Kama Bolghar foi um estado histórico que existiu entre os séculos VII e XIII ao redor da confluência dos rios Volga e Kama no local hoje abrangido pela Rússia. Atualmente, são consideradas descendentes da Bulgária do Volga em termos territoriais e étnicos as Repúblicas do Tartaristão e Chuváchia.
Origem
Informação de primeira mão sobre a Bulgária Volgaica é muito esparsa. Como não sobreviveram autênticos registros búlgaros, a maioria de nossa informações vêm de fontes contemporâneas árabes, persas, russas e indianas. Algumas informações saíram de escavações.
Pensa-se que o território da Bulgária Volgaica fora originalmente colonizada por povos fino-úgricos. Os búlgaros chegaram na área aproximadamente em 660, comandados por Kotrag Khan, filho de Kubrat. Algumas tribos búlgaras, no entanto, continuaram a avançar na direção oeste e após muitas aventuras se estabeleceram ao longo do rio Danúbio, no que é hoje conhecido como Bulgária, aonde foram assimilados pelos eslavos, adotando um idioma eslavo do sul e a fé cristã ortodoxa oriental.
Alguns acadêmicos acreditam que os Búlgaros do Volga foram submetidos ao grande Império Khazar. Em algum período do final do século IX o processo de unificação começou, e a capital foi estabelecida em Bolgar (também pronunciada Bulgar), 160 quilômetros a sul da atual Kazan. No entanto muitos acadêmicos duvidam se tal estado podia assegurar independência dos Khazares antes de 965, quando foram aniquilados por Svyatoslav da Rússia em 965.
Objetivando promover a unificação entre as tribos guerreiras e para obter um forte aliado em sua luta contra os Khazares, Almas Khan da Bulgária do Volga escreveu uma carta ao caliga de Bagdá pedindo-o homens letrados e religiosos que podiam ler o Alcorão e construir mesquitas. No dia 11 de maio de 922 o khan recebeu o missionário de Bagdá Ahmad ibn Fadlan, e 4 dias depois uma assembléia tribal proclamou o Islamismo como a religião oficial do Estado.
Heyday
Grande parte da população local era composta por povos turcos, dentre eles os Suares, Barsils, Bilars, Baranjars e parte dos Burtas (segundo ibn Rustah). Descendem dos búlgaros do Volga os atuais chuvases e tártaros do médio Volga, apesar de evidências linguísticas sugerirem que os chuvases pertenciam a um ethnos turco mais antigo, que pode ser conectado aos hunos. Outra parte compreende tribos finesas e magiares.
O líder da Bulgária do Volga era chamado de iltäbär (algumas vezes elteber). Após a islamização seu título passar a ser sheikh. Eltebers conhecidos incluem: Almış (Almas), Mikail bine Cäğfär (Mikaul ibn Jafar), Mö'mim bine Äxmäd (Mumin ibn Ahmad), Mö'min bine âl-Xäsän (Mumin ibn al-Hasan), Talib bine Äxmäd (Talib ibn Ahmad).
Comandando o rio Volga em seu médio curso, o reino controlou grande parte do comércio entre a Europa e Ásia antes das Cruzadas, que fez com que outras rotas comerciais concorrentes surgissem. A capital, Bulgar (Bolghar), era uma cidade , rivalizando em tamanho e riqueza com os grandes centros do Mundo Islâmico. Parceiros comerciais de Bolghar incluíam vikings, Bjarmland, Yugra e Nenets ao norte de Bagdá e Constantinopla ao sul, e da Europa Ocidental à China a leste. Outras grandes cidades incluíam Bilär, Suar (Suwar), Qaşan (Kashan) e Cükätaw (Juketaw). As atuais cidades de Kazan e Yelabuga foram fundadas sob fortalezas de fronteiras búlgaras.
Algumas as cidades da Bulgária do Volga ainda não foram encontradas, porém elas são mencionadas em fontes russas. Elas são Aşlı (Oshel), Tuxçin (Tukhchin), İbrahim (Bryakhimov), Taw İle. Algumas delas foram arruinadas durante e após a invasão mongol.
Os principados russos do oeste eram . No século XI, o reino foi devastado por vários reides russos. Na virada do século XII para o XIII os governantes de Vladimir (notavelmente André o Piedoso e Vsevolod III), querendo defender suas fronteiras orientais, pilharam sistematicamente cidades búlgaras. Sob pressão eslava vinda do ocidente, os búlgaros tiveram de mudar sua capital de Bolghar para Bilär.
Declínio
Invasão Mongol da Bulgária do Volga
Em 1223, um destacamento avançado do exército de Genghis Khan, após passar pelo Cáucaso e sul da Rússia, aonde derrotou vários exércitos locais, avançou para o território da Bulgária do Volga, porém tal ataque foi repelido. 13 anos depois os mongóis, sob a liderança de Batu Khan e o general Subedei, voltaram e anexaram a região do rio Volga a seus domínios, pondo fim ao estado búlgaro volgaico. Como resultado a área da Bulgária do Volga tornou-se parte integrante da Horda de Ouro. Foi dividida em vários principados, alguns deles recebendo certa automonia.
Khazária
A Khazária foi um extinto estado não-eslavo que existiu nas estepes entre o Mar Cáspio e o Mar Negro e parcialmente ao longo do Rio Volga. É hoje considerado um símbolo tradicional da Rússia, assim como a árvore conhecida em português por bétula ou vidoeiro.
Invasão mongol
Extensão da Horda de Ouro, sucessora da Horda Azul de Batu Khan.
: Invasão Mongol da Rússia
Ver artigo principal: Horda de Ouro
A invasão mongol da Rússia foi uma invasão empreendida por um vasto exército de nômades mongóis iniciada em 1223 contra o estado da Rússia Kievana, a essa altura fragmentada em vários principados. Tal invasão precipitou a fragmentação da Rússia Kievana e influenciou o desenvolvimento da História Russa, incluíndo a ascenção do principado de Moscou.Foi a primeira derrota russa no inverno em seu território.
Ataque de 1223 e a Batalha do rio Kalka.
Batalha de Kulikovo.
Ao mesmo tempo que se fragmentava, a Rússia Kievana sentiu a inexplicável irrupção de uma onda estrangeira irresistível vinda de regiões misteriosas do Extremo Oriente. Por causa de seus pecados, diziam os cronistas russos da época, nações desconhecidas chegaram. Nenhum conhecia suas origens ou de onde eles vinham, ou qual religião eles praticavam.
Após as campanhas contra o Império de Khwarezm, em 1221 uma tropa mongol liderada pelos generais Jebe Noyon e Subedei, em uma campanha de reconhecimento para futuras conquistas, passaram pelo norte do Irã e atravessaram os montes Cáucaso, derrotando exércitos georgianos, polovtsianos, khazares e cumanos. No final de 1222 os dois partiram juntos até o oeste, através das estepes, até o Dniester.
Os principados eslavos do Leste associaram os novos invasores com os nômades selvagens Polovtsianos, que de vez em quando pilhavam colonos russos nas fronteiras porém agora preferiam amizade, sendo seu líder, Khotian, genro de Mstislav Mstislavich, o Audaz. Propondo uma aliança com Mstislav contra os mongóis, dizendo: "Estes terríveis desconhecidos nos conquistaram, amanhã eles irão conquistá-los se vocês não virem nos ajudar".Em resposta a esse chamado Mstislav o Audaz e Mstislav Romanovich o Velho formaram uma liga, da qual também aderiram príncipes de outras províncias russas tais como Kursk,Kiev, Chernigov, Volínia, Rostov e Suzdal.
No dia 31 de maio de 1223, os mongóis, com um exército de 25 mil homens, derrotaram os exércitos dos vários principados russos na grande batalha do rio Kalka (1223), a qual permaneceu até os dias de hoje na memória do povo russo. Agora o país encontrava-se a mercê dos invasores, porém, eles se retiraram e voltariam apenas 13 anos depois.
[editar] Invasão de Batu Khan (1236-1240)
O cerco mongol a Kozelsk.
O cerco mongol a Kozelsk.
A vasta horda mongol de aproximadamente 150 mil arqueiros montados, comandada por Batu Khan e Subedei, cruzou o Rio Volga e invadiu Volga Bulgaria no outono de 1236. Levou um ano para acabar com a resistência dos Búlgaros do Volga, Kypchaks e Alanos.
Em novembro de 1237, Batu Khan enviou seus embaixadores para a corte de Yuri II de Vladimir exigindo sua submissão. No mês seguinte Ryazan foi cercada. Após seis dias de batalha sangrenta, a capital foi totalmente aniquilada, para nunca mais ser restaurada. Alarmado pelas notícias, Yuri II enviou seus filhos para deter os invasores, porém eles logo foram derrotados. Kolomna e Moscou foram incendiadas e no dia 4 de fevereiro de 1238 Vladimir foi cercada. Três dias depois a capital de Vladimir-Suzdal foi tomada e queimada. A família real pereceu no incêndio, enquanto que o grão-príncipe se retirou para o norte. Cruzando o Volga, ele reuniu um novo exército, que foi totalmente exterminado na batalha do rio Sit em 4 de março.
Em seguida Batu Khan dividiu seu exército em unidades menores, as quais arrasaram quatorze cidades russas: Rostov, Uglich, Iaroslavl, Kostroma, Kashin, Ksnyatin, Gorodets, Galich, Pereslavl-Zalessky, Yuriev-Polsky, Dmitrov, Volokolamsk, Tver e Torzhok. A mais difícil de ser capturada foi a pequena cidade de Kozelsk, cujo príncipe-menino Titus e seus habitantes resistiram aos ataques mongóis por sete semanas. Como a estória diz, sabendo das notícias da aproximação mongol, toda a cidade de Kitezh com todos os seus habitantes submergiu em um lago, que pode ser visto nos dias de hoje. As únicas grandes cidades a escaparem da destruição foram Novgorod e Pskov. Os russos que migraram da região sul do país para escapar dos invasores se deslocaram em sua maioria para o nordeste, nas regiões de floresta com solos pobres entre a área norte dos rios Volga e Oka.
No verão de 1238, Batu Khan e Subedei devastaram a península da Criméia e pacificaram Mordóvia. No verão de 1239 Chernigov e Pereyaslav foram saqueadas. Após muitos dias de cerco, a horda atacou Kiev em dezembro de 1239. Apesar da forte resistência de Danilo da Galícia, Batu Khan tomou duas de suas principais cidades, Halych e Volodymyr-Volynskyi. Após anexarem a Rússia a seus domínios, os mongóis então resolveram "alcançar o último mar" e invadiram em 1241 Polônia, Romênia e Hungria. Depois disso Subedei estava discutindo planos de atacar o norte da Itália, Áustria e os estados germânicos, porém tiveram de recuar devido a morte de Ogodei.
[editar] O período do jugo tártaro-mongol
Os mongóis faziam incursões punitivas contra os principados russos.
Os mongóis faziam incursões punitivas contra os principados russos.
Incursões punitivas mongóis contra os principados russos
Neste período os invasores vieram para ficar, e construíram para si mesmos uma capital chamada Sarai, no baixo Volga, próximo ao Mar Cáspio. Aí estava o comandante supremo da Horda de Ouro, como era chamada a porção noroeste do Império Mongol, fixando seus quartel-general dourado e representando a majestosidade de seu soberano, o grande khan que viveu com a Grande Horda no vale do Orkhon do Amur. De lá subjulgaram a Rússia nos próximos 3 séculos.
O termo o qual esta sujeição é comumente chamado, o jugo tártaro ou mongol, sugere idéias de uma terrível opressão, porém na realidade estes nômades invasores vindos da Mongólia não eram como geralmente se supõe tão cruéis e opressivos. Em primeiro lugar, eles nunca colonizaram os principados russos, e não tinham muito contato com os habitantes. Diferente da dominação mongol sobre a China e o Irã, o domínio mongol sobre os principados russos era indireto, aonde os príncipes russos pagavam anuais tributos à Sarai.
O imperador Basílio IV.
Em termos de religião eles eram extremamente tolerantes. Quando apareceram pela primeira vez na Europa, eles eram xamânicos, e naturalmente não tinham fanatismo religioso; Mesmo quando adotaram o Islamismo continuaram tolerantes como antes, e o khan da Horda de Ouro, Berke, o primeiro a se tornar muçulmano, incentivou os russos a fundar um bispado cristão em sua própria capital. Nogai Khan, meio século depois, se casou com a filha do imperador bizantino, e deu seu própria filha em casamento a um príncipe russo, Teodoro o Negro. Alguns historiadores russos modernos acreditam que não houve uma invasão geral. De acordo com eles, os príncipes russos fizeram uma aliança defensiva com a Horda objetivando repelir os ataques dos fanáticos Cavaleiros Teutônicos, que se mostraram um perigo muito maior à religião e cultura russa.
Isto representa o lado positivo do domínio tártaro, que também têm o lado negativo. Como a grande horda de nômades estava acampada na fronteira o país encontrava-se a mercê de invasões por uma força esmagadora de cruéis saqueadores. Tais invasões não eram frequentes, porém quando ocorriam causavam uma incalculável quantidade de devastações e sofrimentos. Nestes intervalos as pessoas tinham de pagar um tributo estabelecido. De início era colecionado em um visual tosco e pronto por um exame de coletores de taxas tártaros, porém a partir de 1259 passou a ser regulado por um censo de população, e finalmente, a coleção dos tributos passou a ser encarregada pelo príncipe local, então o povo passou a não ter mais um contato direto com oficiais tártaros.
Influência
A população pede a coroação de Miguel Romanov, primeiro tsar Romanov.
A influência da invasão mongol nos territórios da Rússia Kievana foi sem precedentes. Centros tradicionais como Kiev nunca se recuperaram da destruição do ataque inicial. A República de Novgorod continuou a prosperar. Novos centros prosperaram sob o jugo mongol, tais como Moscou e Tver.
Os historiadores debateram a influência a longo prazo do domínio mongol na sociedade russa. Os mongóis foram culpados pela destruição da Rússia Kievana, a fragmentação da antiga nacionalidade russa em três componentes e a introdução do conceito de "despotismo oriental" na Rússia. Porém alguns historiadores concordam que a Rússia Kievana não era uma entidade homogênea, seja no nível político, étnico ou cultural, e que os mongóis apenas aceleraram o processo de fragmentação que começou antes da invasão. Outros acham que o jugo mongol teve um papel importante no desenvolvimento da Rússia como um Estado. Sob domínio mongol Moscóvia, por exemplo, desenvolveu sua rede postal, censo, sistema fiscal e organização militar.
Certamente, pode ser argumentado (e é) que Moscou, e subsequentemente a Rússia, não teriam se desenvolvido sem a destruição mongol da Rússia Kievana. Ademais, o jugo mongol sobre os restos de Kiev e os principados sobreviventes como o de Novgorod, forçaram tais entidades a olhar para o Ocidente em busca de aliados e tecnologia. Igualmente, rotas comerciais vindas do Leste como desdobramentos das "Rotas da Seda" chegaram aos povos russos, fazendo assim um centro de comércio de ambos os mundos. Em suma, a influência mongol, de um lado destrutiva ao extremo para seus inimigos, teve um papel significativo a longo prazo no surgimento da Rússia moderna.
Império Russo
O Império Russo, maior império e maior estado nacional de todos os tempos em área (pois em proporção ao mundo conhecido da época, o maior foi o Império Persa) foi fundado no século XIV, com a derrota dos tártaros na batalha do rio Ugra. Sua raiz foi principado de Moscou, que liderou o processo de formação do futuro Estado russo. Expandiu-se até ao Oceano Pacífico entre os séculos XVII e XIX e foi derrubado pelas revoluções de 1917, a segunda das quais culminou no estabelecimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Geralmente o termo Império Russo é utilizado para se referir ao período de tempo da história russa que começa com a expansão iniciada por Pedro I (do Báltico ao Pacífico) até o reinado de Nicolau II da Rússia, deposto pela Revolução Russa de 1917. O Estado russo foi oficialmente nomeado Império (em russo: Росси́йская Импе́рия) de 1721 a 1917.
Território
A capital do Império Russo foi São Petersburgo, que em 1914 foi rebatizada como Petrogrado. Ao final do século XIX o tamanho do império era de cerca de 22.400.000 km2, abrangendo vastas áreas da Europa oriental e do norte e centro da Ásia. Seus limites eram o Oceano Ártico ao norte, o Cáucaso e as fronteiras com a Pérsia e Afeganistão ao sul, o Oceano Pacífico e as fronteiras com a China, Coréia e Japão a leste e a oeste os montes Cárpatos, onde fazia fronteira com a Alemanha e a Áustria-Hungria. O Império Russo ainda chegou a contar com um território na América, o Alasca, o qual foi em 1867 vendido aos Estados Unidos.
Em seu apogeu o Império Russo incluía, além do território russo atual, os estados bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), a Finlândia, Cáucaso, Ucrânia, Bielorrússia, boa parte da Polônia (antigo reino da Polônia), Moldávia (Bessarábia) e quase toda a Ásia Central. Também contava com zonas de influência no Irã, Mongólia e norte da China.
Em 1914 o Império Russo estava dividido em 81 províncias (guberniyas) e 20 regiões (oblasts). Vassalos e protetorados do Império incluíam os Canatos de Khiva e Bukhara e, depois de 1914, Tuva.
Alegoria da Tríplice Entente.
Na Primeira Guerra Mundial, o Império Russo se uniu à Triplice Entente, na qual havia os países França e Inglaterra, contra a Tríplice Aliança, formada por Alemanha, Áustria-Hungria e o Império Turco-Otomano. A Rússia tinha interesse em obter um acesso ao Mar Mediterrâneo, e para isso pretendia anexar, sob a justificativa de proteger povos eslavos irmãos, a península balcânica e os estreitos de Bósforo e Dardanelos, então sob domínio do moribundo Império Otomano. Porém a participação russa na 1ª Guerra Mundial foi desastrosa, sofrendo humilhantes derrotas para a Alemanha, abandonando a guerra em 1917 com a assinatura do tratado de Brest-Litovsk.
De acordo com o censo de 1897 sua população era próxima dos 128.200.000 de habitantes, sendo que a maioria deles (93,4 milhões) vivia na Rússia Européia. Como não poderia deixar de ser, havia grande diversidade étnica no Império Russo. Mais de 100 diferentes grupos étnicos viviam ao longo do território russo, sendo que a etnia russa compreendia cerca de 45% da população.
[editar] Organização política
O Império Russo era uma monarquia hereditária liderada por um imperador autocrático (tsar ou czar) da dinastia Romanov. A religião oficial do Estado era o cristianismo ortodoxo, representado pela Igreja Ortodoxa Russa. Os sujeitos do Império foram separados em estratos (classes) conhecidas como "dvoryanstvo" (nobreza) , clero, comerciantes, cossacos e camponeses. Ainda os nativos da Sibéria e Ásia Central foram oficialmente registrados em uma classe chamada "inorodsty" (estrangeiros).
[editar] Simbologia
Brasão completo do Império Russo e seus vassalos.
Brasão completo do Império Russo e seus vassalos.
O Estado Russo, um exemplo de simbolismo ao longo de séculos A águia bicéfala chegou ao escudo da Rússia em 1452, proveniente de Roma. Naquela época o mundo cristão vivia tempos difíceis com a recente tomada de Constantinopla pelos Turcos, que, com a derrubada de Bizâncio, seguiram para ocupar a Grécia e entrar cada vez mais no Mediterrâneo colocando em cheque a existência da soberania italiana e com isso o próprio Vaticano.
O Papa Paulo II tinha então um único recurso para se defender, a família de Tomás Paleólogo, irmão do último imperador bizantino, morto durante a tomada de Constantinopla, havia se exilado em Roma. Tomás tinha uma filha, a princesa Sofia. O Papa queria que ela se casasse com uma pessoa influente, capaz de fortalecer o papel de Roma naquele período conturbado.
Procurando uma aliança favorável, o Papa terminou por optar pela Moscóvia, onde reinava o Grão-Príncipe Ivan III. O príncipe, que contava com 20 anos já tinha sido casado e era viúvo. O Papa estava convencido que o seu eventual segundo casamento com a herdeira do trono de Bizâncio por certo o levaria a reconquistar Constantinopla numa guerra com os turcos. Assim, foi arranjado o casamento entre os dois jovens, casamento esse que tornava o príncipe russo herdeiro e suserano de um imenso território de onde, séculos antes, a Rússia antiga recebera a "luz do cristianismo".
A peça mais importante do enxoval de Sofia era o Escudo de Bizâncio - a águia bicéfala do carimbo do último imperador, simbolizando a independência e o domínio sobre as partes oriental e ocidental do Império (por isso as duas cabeças). A águia bicéfala com duas coroas fez admirar os russos devido à sua força enigmática.
Não foi por acaso que, nas primeiras décadas, o escudo não sofreu alterações, menos uma que viria a ser introduzida por Ivan IV, o Terrível. O Czar mandou colocar no peito da águia bicéfala uma imagem do padroeiro São Jorge, combatendo um dragão
Assim o brasão russo tornou-se mais assustador por ter as imagens de 5 cabeças (duas da águia, uma do cavalo, uma do dragão e uma do cavaleiro). Mas mesmo assim, ao longo de 4 séculos, os soberanos russos fizeram outras alterações no brasão. As asas e os bicos da águia ficaram abertos, sendo-lhes colocados nas garras o cetro e a esfera, símbolo do poder
Foram acrescidos detalhes como as três coroas colocadas acima da cabeça das águias simbolizando a Santíssima Trindade (Deus Pai, o Filho e o Espírito Santo).
Pedro, o Grande decidiu ornamentar a águia com a mais alta condecoração da Rússia, a ordem do Santo Apóstolo André, cujo colar foi desenhado ao redor do escudo de São Jorge e cuja fita azul foi colocada criando uma união entre as três coroas. Além disso o Imperador mandou pintar a águia de preto (a cor da coragem, segundo o simbolismo russo) já que a águia dourada simbolizava mais a idéia de proteção do lar e não de expansão.
No início do século XIX, o Imperador Alexandre I, depois de se apoderar de um terço do hemisfério norte, ordena retirar o cetro e o orbe e os substituir por setas-relampagos, coroa de louros e tochas. O novo brasão prometia paz e iluminismo para seus súditos enquanto aos inimigos os relâmpagos da retaliação em caso de agressão.
O último Imperador Russo, Nicolau II mandou colocar no escudo os símbolos de tranqüilidade e paz, nas asas surgiram os escudos dos 6 territórios anexados - os reinos de Kazan, Astrakhan, Sibéria, Polônia, Finlândia, e Hersoness. De tão "pesado" os detratores do Império diziam que tinham impressão que a águia jamais levantaria vôo para agredir.
Com a reviravolta da história russa e a chegada dos comunistas ao poder, os símbolos do antigo regime são abolidos e um novo brasão é feito para a então URSS. No novo brasão passou a representar uma imagem do Globo, por detrás do qual ascendia o "Sol de novas vitórias". Em cima, encontrava-se a foice e o martelo, símbolo da ditadura do proletariado, encimado por uma estrela de cinco pontas, símbolo místico da onipotência. A estrela era, de fato, um sinal cabalísto do centro do universo em expansão.
Após o desmonte da URSS um novo brasão foi criado para o Estado Russo, inicialmente, logo após o fim da URSS a foice e o martelo foram substituídas por uma águia bicéfala sem coroas, cetro, esfera e com os bicos fechados, razão pela qual os críticos a apelidaram a águia de "pobre galinha". Mas, passado algum tempo, o novo autor do escudo, Evgueni Ukhnalev, devolveu-lhe os atributos iniciais. Oficialmente o novo escudo foi adotado em Dezembro de 2000. Hoje em dia, por paradoxal que pareça o brasão do país, uma república democrática federativa, tem a aparência das armas de um regime monárquico. Todavia, os símbolos tem um significado diferente. Sob o pano de fundo vermelho do escudo heráldico, a águia bicéfala é encimada por duas coroas pequenas e uma grande. As coroas estão ligadas por uma fita. A águia segura na garra direita o cetro e na esquerda a esfera. No peito é representado o escudo de Moscovo com um cavaleiro prateado de túnica azul trespassando com uma lança um dragão negro. O significado disso é que a Rússia, como antes, encontra-se sob a defesa da Santíssima Trindade, acredita em Deus, no Poder e na Pátria. As forças estão voltadas para manter o seu território. A Rússia é obediente à Lei e à Justiça, não ameaça ninguém, tendo intenções puras (como a prata). A cor azul simboliza o serviço, enquanto a lança orientada para baixo significa a luta contra o mal, que são os pecados e as calamidades e não as pessoas ou Estados.
[editar] Revolução Russa
Lenin, líder da Revolução de outubro de 1917.
Lenin, líder da Revolução de outubro de 1917.
Ver artigo principal: Revolução Russa
Um parlamento, a Duma foi estabelecido em 1906, porém a agitação política e social continuou e foi agravada durante a Primeira Guerra Mundial pelas derrotas militares e escassez de alimentos. As revoluções de fevereiro e de outubro (veja Revolução Russa) levou os bolcheviques ao poder em 1917.
Em 15 de novembro de 1917 os bolcheviques promulgaram a Declaração de Direitos dos Povos da Rússia que se tornou a base legal para a secessão de diversas partes do ex-Império Russo. Muitos daqueles territórios independentes foram posteriormente reincorporados como repúblicas da União Soviética.
[editar] Guerra Civil Russa
Bolcheviques mortos pelo Exército Branco na guerra civil.
Bolcheviques mortos pelo Exército Branco na guerra civil.
Ver artigo principal: Guerra Civil Russa
A guerra civil russa foi um conflito armado que eclodiu em abril de 1918 e terminou em 1922. Durante este período, exércitos e milícias de diversos matizes políticos se enfrentaram com o objetivo de implantar seu próprio sistema. As partes em conflito incluiram ex-generais Tzaristas, republicanos liberais (os cadetes), o exército vermelho (bolchevique), milícias anarquistas (o Exército Insurgente Makhnovista) e tropas de ocupação estrangeiras. O Exército Vermelho foi o único vencedor do conflito, após o qual foi criado o Estado Soviético, sob liderança inconteste dos bolcheviques.
Aproveitando-se do verdadeiro caos em que o país se encontrava, as nações aliadas da primeira guerra mundial resolveram intervir a favor dos brancos (Tzaristas e liberais). Tropas inglesas, francesas, americanas e japonesas desembarcaram tanto nas regiões ocidentais (Criméia e Georgia) como nas orientais (ocupação de Vladivostok e da Sibéria Oriental). Seus objetivos eram: derrubar o governo bolchevique (que era pela paz com a Alemanha) e instaurar um regime favorável à continuação da Rússia na guerra; mas talvez seu objetivo maior fosse evitar a "contaminação" da Europa Ocidental pelos ideais comunistas - daí a expressão utilizada por Clemenceau, Presidente da França - de "cordon sanitaire".
No terreno econômico, devido a situação de emergência e pelo próprio ímpeto revolucionário, o partido bolchevique instituiu o "comunismo de guerra". O dinheiro e as leis do mercado foram abolidas, sendo substituídos por uma economia dirigida baseada no confisco de cereais produzidos pelos camponeses. Naturalmente estas medidas criaram um desestímulo a plantio, levando-os a produzirem exclusivamente para o sustento de suas famílias. O resultado foi catastrófico. Os centro urbanos ficaram sem alimentos, provocando um êxodo urbano - (Petrogrado e Moscou viram sua população reduzir-se pela metade). A fome de 1921 transformou-se numa das maiores tragédias da Rússia moderna - milhões pereceram.
[editar] Rebeliões de Julho de 1918
Em 6 de julho de 1918, após o assassinato do embaixador alemão em Moscou, Conde Wilhelm von Mirbach, seguiram-se uma série de levantes e rebeliões por parte dos anarquistas russos contra o recém instaurado governo bolchevique e também o exército branco. Estes levantes tiveram maior projeção até o fim daquele mesmo mês, mas se estenderam até 30 de dezembro de 1922.
Tais acontecimentos, por alguns agrupados em torno do conceito de Revolução de 1918, iniciaram-se durante o Quinto Congresso dos Soviets de Toda Rússia, nos quais os discursos anti-bolcheviques dos anarquistas e dos socialistas-revolucionários não receberam apoio da maioria dos delegados. Derrotados no congresso, os anarquistas e os socialistas-revolucionários decidiram sabotar o Tratado de Brest-Litovsk arrastando a Rússia Soviética a uma guerra com a Alemanha assassinando o embaixador alemão em Moscou.
[editar] União Soviética
Parada militar em Moscou em 1945.
Parada militar em Moscou em 1945.
Ver artigo principal: União Soviética
O colapso do governo tsarista foi seguido da expulsão da classe de proprietários de terras, e da divisão de terras entre famílias camponesas. Camponeses pobres e médios em geral não se beneficiaram da última, até que Lênin anunciou a Nova Política Econômica (NEP), que pôs um fim à requisição de comida por parte do governo adotada durante a guerra civil. Camponeses comerciavam a maioria de seus produtos a preços livres durante os anos da NEP.
Depois da morte do líder revolucionário e fundador da União Soviética, Vladimir Lênin em 1924, Josef Stalin emergiu como líder, inconteste após Leon Trotsky ter sido exilado da União Soviética em 1929.
Sob o comando de Stalin, que substituiu a NEP de Lênin por planos qüinquenais e por coletivização das fazendas, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ou União Soviética (estabelecida em 1922) se tornou uma importante potência industrial, porém com a eliminação da oposição política durante os anos 30 através de expurgos. Stalin atacou a Polônia dia 17 de setembro de 1939. De 1939 até 1941, os russos deportaram 500000 polacos (os funcionários públicos, a nobreza polaca, os padres e os rústicos mais ricos) para a Sibéria. Também mataram 30000 os soldados poloneses em Katyn, Ostaszkowo e Charkow. Em 1941 a Alemanha atacou os territórios soviéticos. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética emergiu como uma das duas superpotências mundiais, posição mantida durante quatro décadas através do fortalecimento militar, ajuda técnica e militar a países em desenvolvimento e pesquisa científica, especialmente em tecnologia espacial e de armamentos. Tensões crescentes entre a União Soviética e os EUA, a outra superpotência e ex-aliada sua na guerra contra o eixo Nazi-Fascista, levou à chamada Guerra Fria.
Em meados da década de 1980, o Secretário-Geral do Partido Comunista, Mikhail Gorbachev promoveu as chamadas glasnost (abertura) e perestroika (reestruturação econômica). Encontros de cúpula EUA-URSS em 1986 e 1987 e um encontro entre o então presidente norte-americano Ronald Reagan e Gorbachev em fins de 1988 promoveram a redução de armamentos de ambos os países na Europa.
[editar] Federação Russa
Ver artigo principal: História da Rússia pós-soviética
À medida em que a influência de Boris Yeltsin ofuscava a de Mikhail Gorbachev no poder na Rússia e a desintegração dos regimes de ideologia socialista no Leste Europeu avançava, após a queda do Muro de Berlim em 1989, desencadeou-se a dissolução pacífica da União Soviética 1991 e a independência da Federação Russa.
Em 1993, a Duma se rebelou contra a liderança de Iéltsin e se recusou a aprovar as normas constitucionais que outorgavam amplos poderes ao executivo. O prédio do parlamento russo acabou bombardeado por tanques, por ordem do presidente.
Em 1995, a República Autônoma da Tchetchênia, rica em petróleo e passagem obrigatória de oleodutos, proclamou a independência. Rebeldes pegaram em armas e começaram a enfrentar autoridades russas utilizando táticas de guerrilha. Iéltsin enviou as forças armadas para combatê-los, mas as guarnições numerosas e os tanques grandes, pesados e lentos não conseguiam penetrar nas montanhas da região, de relevo acidentado. Assim, o conflito causou grande número de baixas entre os soldados russos, o que minou a popularidade do presidente.
Em 1999, Iéltsin nomeou seu primeiro-ministro e herdeiro político Vladimir Putin como vice-presidente. Putin lançou-se candidato à presidência. No dia 31 de dezembro, renunciou de surpresa, fazendo de Putin imediatamente o novo presidente, mesmo antes das eleições. A tática funcionou e Putin recebeu o respaldo posterior nas urnas.
Em 2004, Putin foi reeleito para o cargo.
Império Russo
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História da Rússia
Eslavos do Leste
Império Khazar
Principado de Kiev
Principado de Vladimir-Súzdal
Bulgária do Volga
Invasão Mongol
Canado da Horda Dourada
Principado de Moscovo
Canato de Kazan
Rússia Imperial Czarista
Nobreza Russa
Revolução de 1905
Revolução de 1917
Revolução de Fevereiro
Revolução de Outubro
Guerra Civil
União Soviética
Corrida espacial
Perestroika e Glasnost
Federação da Rússia
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O Império Russo, maior império e maior estado nacional de todos os tempos em área (pois em proporção ao mundo conhecido da época, o maior foi o Império Persa) foi fundado no final do século XV, com a derrota dos tártaros na batalha do rio Ugra. Sua raiz foi principado de Moscou, que liderou o processo de formação do futuro Estado russo. Expandiu-se até ao Oceano Pacífico entre os séculos XVII e XIX e foi derrubado pelas revoluções de 1917, a segunda das quais culminou no estabelecimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Geralmente o termo Império Russo é utilizado para se referir ao período de tempo da história russa que começa com a expansão iniciada por Pedro I (do Báltico ao Pacífico) até o reinado de Nicolau II da Rússia, deposto pela Revolução Russa de 1917. O Estado russo foi oficialmente nomeado Império (em russo: Росси́йская Импе́рия) de 1721 a 1917.
Índice
[esconder]
* 1 Território
* 2 História
o 2.1 Na 1ª Guerra Mundial
* 3 População
* 4 Organização política
* 5 Simbologia
* 6 Ver também
[editar] Território
A capital do Império foi São Petersburgo, que em 1914 rebatizada como Petrogrado. Ao final do século XIX o tamanho do império era de cerca de 22.400.000 quilômetros quadrados, abrangendo vastas áreas da Europa oriental e do norte e centro da Ásia. Seus limites eram o Oceano Ártico ao norte, o Cáucaso e as fronteiras com a Pérsia e Afeganistão ao sul, o Oceano Pacífico e as fronteiras com a China, Coréia e Japão a leste e a oeste os montes Cárpatos, onde fazia fronteira com a Alemanha e a Áustria-Hungria. O Império Russo ainda chegou a contar com um território na América, o Alasca, o qual foi em 1867 vendido aos Estados Unidos.
Em seu apogeu o Império Russo incluía, além do território russo atual, os estados bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), a Finlândia, Cáucaso, Ucrânia, Bielorrússia, boa parte da Polônia (antigo reino da Polônia), Moldávia (Bessarábia) e quase toda a Ásia Central. Também contava com zonas de influência no Irã, Mongólia e norte da China.
Em 1914 o Império Russo estava dividido em 81 províncias (guberniias) e vinte regiões (óblasts). Vassalos e protetorados do Império incluíam os Canatos de Khiva e Bukhara e depois de 1914 Tuva.
[editar] História
Ver artigo principal: História da Rússia
Brasão completo do Império Russo, adoptado em 1882
Brasão simplificado do Império Russo
Bandeira do Império Russo 1858-1883
Bandeira do Império Russo 1914-1917
[editar] Na 1ª Guerra Mundial
Extenção do Império Czarista Russo em 1914.
Extenção do Império Czarista Russo em 1914.
Na Primeira Guerra Mundial, o Império Russo se uniu à Triplice Entente, na qual havia os países França e Inglaterra, contra a Tríplice Aliança, formada por Alemanha, Áustria-Hungria e o Império Turco-Otomano. A Rússia tinha interesse em obter um acesso ao Mar Mediterrâneo, e para isso pretendia anexar, sob a justificativa de proteger povos eslavos irmãos, a península balcânica e os estreitos de Bósforo e Dardanelos, então sob domínio do moribundo Império Turco-Otomano. Porém a participação russa na 1ª Guerra Mundial foi desastrosa, sofrendo humilhantes derrotas para a Alemanha, abandonando a guerra em 1917 com a assinatura do tratado de Brets-Litovski.
[editar] População
De acordo com o censo de 1897 sua população era próxima dos 128.200.000 de habitantes, sendo que a maioria deles (93,4 milhões) vivia na Rússia Européia. Como não poderia deixar de ser, havia grande diversidade étnica no Império Russo. Mais de 100 diferentes grupos étnicos viviam ao longo do território russo, sendo que a etnia russa compreendia cerca de 45% da população.
[editar] Organização política
O Império Russo era uma monarquia hereditária liderada por um imperador autocrático (czar) da dinastia Romanov. A religião oficial do Estado era o cristianismo ortodoxo, representado pela Igreja Ortodoxa Russa. Os sujeitos do Império foram separados em estratos (classes) conhecidas como "dvoryanstvo" (nobreza) , clero, comerciantes, cossacos e camponeses. Ainda os nativos da Sibéria e Ásia Central foram oficialmente registrados em uma classe chamada "inorodsty" (estrangeiros).
[editar] Simbologia
O Estado Russo, um exemplo de simbolismo ao longo de séculos
A águia bicéfala chegou ao escudo da Rússia em 1452, proveniente de Roma. Naquela época o mundo cristão vivia tempos difíceis com a recente tomada de Constantinopla pelos Turcos, que, com a derrubada de Bizâncio, seguiram para ocupar a Grécia e entrar cada vez mais no Mediterrâneo colocando em cheque a existência da soberania italiana e com isso o próprio Vaticano.
O Papa Paulo II tinha então um único recurso para se defender, a família de Tomás Paleólogo, irmão do último imperador bizantino, morto durante a tomada de Constantinopla, havia se exilado em Roma. Tomás tinha uma filha, a princesa Sofia. O Papa queria que ela se casasse com uma pessoa influente, capaz de fortalecer o papel de Roma naquele período conturbado.
Procurando uma aliança favorável, o Papa terminou por optar pela Moscóvia, onde reinava o Grão-Príncipe Ivan III. O príncipe, que contava com 20 anos já tinha sido casado e era viúvo. O Papa estava convencido que o seu eventual segundo casamento com a herdeira do trono de Bizâncio por certo o levaria a reconquistar Constantinopla numa guerra com os turcos. Assim, foi arranjado o casamento entre os dois jovens, casamento esse que tornava o príncipe russo herdeiro e suserano de um imenso território de onde, séculos antes, a Rússia antiga recebera a "luz do cristianismo".
A peça mais importante do enxoval de Sofia era o Escudo de Bizâncio - a águia bicéfala do carimbo do último imperador, simbolizando a independência e o domínio sobre as partes oriental e ocidental do Império (por isso as duas cabeças). A águia bicéfala com duas coroas fez admirar os russos devido à sua força enigmática.
Não foi por acaso que, nas primeiras décadas, o escudo não sofreu alterações, menos uma que viria a ser introduzida por Ivan IV, o Terrível. O Czar mandou colocar no peito da águia bicéfala uma imagem do padroeiro São Jorge, combatendo um dragão
Assim o brasão russo tornou-se mais assustador por ter as imagens de 5 cabeças (duas da águia, uma do cavalo, uma do dragão e uma do cavaleiro). Mas mesmo assim, ao longo de 4 séculos, os soberanos russos fizeram outras alterações no brasão. As asas e os bicos da águia ficaram abertos, sendo-lhes colocados nas garras o cetro e a esfera, símbolo do poder
Foram acrescidos detalhes como as três coroas colocadas acima da cabeça das águias simbolizando a Santíssima Trindade (Deus Pai, o Filho e o Espírito Santo).
Pedro, o Grande decidiu ornamentar a águia com a mais alta condecoração da Rússia, a ordem do Santo Apóstolo André, cujo colar foi desenhado ao redor do escudo de São Jorge e cuja fita azul foi colocada criando uma união entre as três coroas. Além disso o Imperador mandou pintar a águia de preto (a cor da coragem, segundo o simbolismo russo) já que a águia dourada simbolizava mais a idéia de proteção do lar e não de expansão.
No início do século XIX, o Imperador Alexandre I, depois de se apoderar de um terço do hemisfério norte, ordena retirar o cetro e o orbe e os substituir por setas-relampagos, coroa de louros e tochas. O novo brasão prometia paz e iluminismo para seus súditos enquanto aos inimigos os relâmpagos da retaliação em caso de agressão.
O último Imperador Russo, Nicolau II mandou colocar no escudo os símbolos de tranqüilidade e paz, nas asas surgiram os escudos dos 6 territórios anexados - os reinos de Kazan, Astrakhan, Sibéria, Polônia, Finlândia, e Hersoness. De tão "pesado" os detratores do Império diziam que tinham impressão que a águia jamais levantaria vôo para agredir.
Com a reviravolta da história russa e a chegada dos comunistas ao poder, os símbolos do antigo regime são abolidos e um novo brasão é feito para a então URSS. No novo brasão passou a representar uma imagem do Globo, por detrás do qual ascendia o "Sol de novas vitórias". Em cima, encontrava-se a foice e o martelo, símbolo da ditadura do proletariado, encimado por uma estrela de cinco pontas, símbolo místico da onipotência. A estrela era, de fato, um sinal cabalísto do centro do universo em expansão.
Após o desmonte da URSS um novo brasão foi criado para o Estado Russo, inicialmente, logo após o fim da URSS a foice e o martelo foram substituídas por uma águia bicéfala sem coroas, cetro, esfera e com os bicos fechados, razão pela qual os críticos a apelidaram a águia de "pobre galinha". Mas, passado algum tempo, o novo autor do escudo, Evgueni Ukhnalev, devolveu-lhe os atributos iniciais. Oficialmente o novo escudo foi adotado em Dezembro de 2000. Hoje em dia, por paradoxal que pareça o brasão do país, uma república democrática federativa, tem a aparência das armas de um regime monárquico. Todavia, os símbolos tem um significado diferente. Sob o pano de fundo vermelho do escudo heráldico, a águia bicéfala é encimada por duas coroas pequenas e uma grande. As coroas estão ligadas por uma fita. A águia segura na garra direita o cetro e na esquerda a esfera. No peito é representado o escudo de Moscovo com um cavaleiro prateado de túnica azul trespassando com uma lança um dragão negro. O significado disso é que a Rússia, como antes, encontra-se sob a defesa da Santíssima Trindade, acredita em Deus, no Poder e na Pátria. As forças estão voltadas para manter o seu território. A Rússia é obediente à Lei e à Justiça, não ameaça ninguém, tendo intenções puras (como a prata). A cor azul simboliza o serviço, enquanto a lança orientada para baixo significa a luta contra o mal, que são os pecados e as calamidades e não as pessoas ou Estados.
Nobreza russa
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Pedro, o Grande, ao reformar o Estado Russo, também organizou a nobreza no país. As modificações por ele implementadas duraram, em sua maioria, até o final do Império, extinguindo-se com a revolução russa de 1917.
Em 12 de janeiro de 1682, nos primeiros anos de sua administração, Pedro, o Grande criou uma lei, de acordo com a qual todos os aristocratas russos foram declarados semelhantes uns aos outros. Oficialmente não havia mais diferenças, mas a nobreza deu outra interpretação ao Armorial da Nobreza da Câmara de Heráldica do Senado, instituído por Pedro, em São Petersburgo. O Armorial era dividido em cinco volumes: o Livro de Príncipes do Império, o Livro de Condes do Império, o Livro de Barões do Império, o Primeiro Livro de Aristocratas sem título hereditário (antes da reforma de Pedro, o Grande) e o Segundo Livro de Aristocratas sem título hereditário (depois da reforma de Pedro, o Grande).
As velhas linhagens aristocráticas russas descendiam do líder viking Rurik e o do príncipe lituano Gedimin, o Grandioso. A Casa de Rurik reinou sobre Rússia de 862 a 1598.
Depois da era dos líderes noruegueses e aristocratas lituanos, a nobreza moscovita testemunhou sua prosperidade. Antes das reformas de Pedro, o Grande, todo descendente de Rurik era chamado de Príncipe (knyaz), ou Grão-Príncipe (velikiy knyaz). Simples boiardos, como os Romanovs, não tinham nenhum título. Pedro retornou da Inglaterra e Alemanha com os títulos de Conde e Barão, os quais não existiam na Rússia, até então. O título de Grão-Príncipe foi reservado para os membros da Família Imperial, os Romanov, enquanto que famílias como as dos Trubetzkoy, Obolensky e outros descendentes de Rurik passaram a serem chamados de Príncipes. O título de Grão-Duque é uma forma errônea de traduzir para o ocidente o título russo de Velikiy Knyaz. A tradução correta é Grão-Príncipe.
Em 1722, Pedro publicou o seu "Tchin", conhecido como Tabela de Posição Social, de acordo com a qual um oficial que atigisse o topo de sua carreia adquiria nobreza hereditária. A escada da tabela de postos era constituída por 14 degraus (tchin), que tinham que ser galgados um a um. O mais baixo funcionário público era um homem com só um tchin, estava na faixa 14 e era chamado de Tchinovnik. A partir do oitavo tchin, quando alguém chegava ao posto de Membro do Conselho da Cidade ou Major no Exército, era-se considerado um verdadeiro nobre. Nessa estágio a pessoa recebia o tratamento de Sua Alteza. Alcançavam o primeiro tchin o militar que chegasse a Marechal de Campo, ou o civil que alcançasse o posto de Chanceler do Império. Desde que se estabeleceu a Tabela de Posição Social, os russos passaram a dividir a nobreza em duas, a antiga nobreza e a nobreza hereditária.
Os prefixos Von, Van, ou De (Barão Van Solovyov, Conde De Maslov) lingüisticamente não são corretos, porque estes prefixos já são incorporados através dos finais in, ev, ov e sky (Gagarin, Tatistchev, Romanov, Obolensky)
Os Títulos
Imperador / Император
O título do último Imperador da Rússia era: "Pela Graça de Deus, Nicolau II, Imperador e Autocrata de Todas as Rússias, Moscou, Kiev, Vladimir, Novgorod; Czar de Kazan, Czar de Astrakan, Czar da Polônia, Czar da Sibéria, Czar de Kherson Táurica, Czar da Geórgia; Legislador de Pskov e Grão-Príncipe de Smolensk, Lituânia, Volhínia, Podólia e Finlândia, Príncipe da Estônia, Livônia, Courlândia e Semigália, Samogítia, Bialistok, Karelia, Tver, Yugoria, Perm, Vlatka, Bulgária, e outras terras; Senhor e Grão-Duque da Baixa Novgorod, Chernigov, Ryazan, Polotsk, Rostov, Yaroslav, Byelozersk, Udoria, Obdoria, Kondia, Vitebsk, Mstislav, e de toda região norte; Senhor e Soberano das terras de Imeretia, Kartlia, Kabardinia e das Províncias da Armênia; Senhor dos Príncipes das Montanhas do Circassião; Senhor do Turquestão; Herdeiro da Noruega, Duque de Schleswig-Holstein, Stormarn, Ditmarschen e Oldenburg; Supremo Defensor e Guardião dos Dogmas da Igreja, etc, etc e etc."
Apesar de amplamente difundido, o uso do título de Czar para se referir ao Soberano não era mais estritamente correto desde 1721. O correto era "Pela Graças de Deus, Fulano de Tal, Imperador e Autocrata de Todas as Rússias".
Grão-Principe - Tsarevitch ou Czarevich (Filho do Tsar)
Título usado para o herdeiro presuntivo, filho ou irmão do Imperador reinante. O Imperador Paulo I da Rússia instituiu o que ficou conhecido como lei Paulina, pela qual somente herdeiros homens poderiam herdar o trono da Rússia. Segundo comentário, tal lei foi criada devido ao ódio que o monarca sentia por sua falecida mãe, Catarina, a Grande.
Grão-Príncipe ou Grão-Duque / Velikiy Knyaz
Esse título russo, após a lei de Pedro, o Grande, ficou sendo destinado a uso exclusivo da família imperial russa. Os filhos, filhas e netos de um Imperador reinante tinham direito a esse título, assim como os irmãos e irmãs do Imperador. Os filhos e filhas da segunda geração de Grãos-Duques são Príncipes ou Princesas de sangue imperial, que recebem o título de Príncipes ou Princesas da Rússia e com o tratamento de Altezas. Essa qualificação prossegue pela primogenitura masculina às gerações subseqüentes. Os filhos e filhas das gerações seguintes recebem o tratamento de Alteza Sereníssima. Em 1935, o Chefe da Casa Imperial Russa no Exílio, Grão-Duque Cirilo Vladmirovitch Romanov, instituiu um decreto declarando que descendentes de uniões legais entre dinastias masculinos e mulheres de posição desigual receberão "o título e nome de Príncipe ou Princesa Romanovsky, com a adição do nome de solteira da esposa de tal membro da Casa Imperial, ou pela adição de um nome outorgado pelo Chefe da Casa Imperial da Rússia, com o tratamento, para a esposa e filho mais velho, de Alteza Sereníssima".
Príncipe / Принц
O título de Príncipe era transmitido a toda a posteridade direta dos dois sexos. Não era exagero dizer que havia pelo menos dois mil príncipes no Império Russo. Depois da anexação do Cáucaso, os Tavades georgianos, chefes de pequenos reinos, tinha sido pomposamente reconhecidos como Príncipes. Tinha-se repetido a mesmo operação para os Khans nômades e para os representantes das maiores famílias armênias ou tártaras.
Conde / Граф
Os Condes russos também eram tão numerosos quanto os Príncipes, sendo as mais antigas casas de condes as dos Golovin, Cheremetev e dos Tolstoy.
Barão / Барон
O título de Barão só se conferia na Rússia muito raramente e sobretudo a banqueiros ou a grandes industriais de origem estrangeira. Dimsdale, um médico inglês, tinha obtido a dignidade de Barão russo por ter vacinado a Imperatriz Catarina II e o seu filho Paulo. Alguns judeus de alto mérito eram igualmente barões, o que desagradava à nobreza orgulhosa das províncias bálticas, onde este título estava bastante difundido entre os descendentes dos Cavaleiros Teutônicos.
Nobreza não titular
A esta nobreza titular, Príncipes, Condes, Barões, juntava-se uma nobreza não titular, frequentemente mais ilustre ainda pela antiguidade. Só os verdadeiros conhecedores sabiam estabelecer uma diferença entre os méritos de um personagem enobrecido pelo posto de Coronel, ou de Conselheiro de Estado Efetivo e os de um nome não titular, mas escrito havia séculos no livro dos Boiardos. As velhas famílias não titulares eram praticamente inumeráveis.
Revolução Russa de 1905
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Nota: Se procura filme britânico de 2002, consulte Bloody Sunday (filme).
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A Revolução Russa de 1905 foi um espasmo nacional de violência contra o governo. Ela foi um evento espontâneo e sem liderança, e não possuiu uma causa simples nem um objetivo concreto. Ela é geralmente vista como um sinal das mudanças sociais que estavam ocorrendo na Rússia, e que levaram à Revolução Russa de 1917.
Índice
[esconder]
* 1 Precedentes
* 2 Domingo Sangrento
* 3 A Revolução
o 3.1 O movimento nos campos
o 3.2 O movimento nas cidades
o 3.3 O soviete de São Petersburgo
o 3.4 A Revolta do Couraçado Potemkin
* 4 Resultados
* 5 Ver também
[editar] Precedentes
Desde antes de 1905, o Império Russo vivia uma grave crise política. Desde a emancipação dos servos em 1861, o país vivia uma rápida transição do feudalismo para o capitalismo. Os servos haviam sido libertos de suas obrigações para com seus senhores, e passaram a ter o direito de comprar as terras onde trabalhavam. Entretanto, a compra da terra e o ressarcimento devido aos seus senhores pelos direitos recém-adquiridos levou-os a permanecer numa situação de miséria. A construção da Ferrovia Trans-Siberiana e as mudanças econômicas levadas adiante por Sergei Witte atraíram o capital estrangeiro e estimularam uma rápida industrialização nas regiões de Moscou, São Petersburgo, Ucrânia e Baku. Junto com a industrialização, as classes operária e média cresceram e se diversificaram. Essas classes eram favoráveis a reformas democráticas no sistema político. Entretanto, a nobreza feudal e o próprio Czar procuraram manter o absolutismo russo e sua autocracia intactos a qualquer custo.
O desempenho desastroso das forças armadas russas na guerra russo-japonesa (1904 - 1905) intensificou essas contradições e precipitou os acontecimentos.
[editar] Domingo Sangrento
Manifestantes marchando em direção ao Palácio de Inverno
Manifestantes marchando em direção ao Palácio de Inverno
O massacre do Domingo Sangrento em São Petersburgo
O massacre do Domingo Sangrento em São Petersburgo
No Domingo do dia 22 de Janeiro de 1905 (9 de janeiro, segundo o calendário seguido pela Rússia na época), foi organizada uma manifestação pacífica e em marcha lenta, liderada pelo padre ortodoxo e membro da Okrana, Gregori Gapone, com destino ao Palácio de Inverno do czar Nicolau II, em São Petersburgo, com o objetivo de entregar uma petição, assinada por cerca de 135 mil trabalhadores, reivindicando direitos ao povo, como reforma agrária, tolerância religiosa, fim da censura, e a presença de representantes do povo no governo. Segundo algumas fontes, durante a caminhada, eram cantadas músicas religiosas, e também a canção nacional “Deus Salve o Czar”.
Sergei Alexandrovitch, grão-duque, ordenou que a guarda do czar não permitisse que o povo se aproximasse do palácio, e mandou-os dispersarem a manifestação. O povo não se mexeu. Então, a guarda, ao ver que não seria obedecida, disparou contra a multidão. A manifestação rapidamente se dispersou deixando centenas de mortos.
Este episódio ficou conhecido como o Domingo Sangrento, e foi o estopim para o início de um movimento revolucionário. O povo estava indignado com a atitude do czar, que até então, era visto com bons olhos por eles.
[editar] A Revolução
O Domingo Sangrento foi a gota d'água. Os vários grupos sociais descontentes com a situação da Rússia se mobilizaram para protestar. Cada grupo tinha seus próprios objetivos, e mesmo dentro de uma mesma classe social, não havia direção geral. Os principais descontentes eram os camponeses (com a economia), os trabalhadores urbanos (economia e desigualdade), intelectuais e liberais (direitos civis), as forças armadas (economia), e nacionalidades minoritárias (liberdade cultural e política).
[editar] O movimento nos campos
Distúrbios se espalharam por todo o ano, atingindo picos de agitação no início do verão e outono, e culminando em Novembro. Arrendatários queriam aluguéis mais baixos; trabalhadores contratados, melhores salários; e pequenos proprietários queriam mais terras. As atividades variaram de ocupações de terra, algumas vezes seguidas de violência e incêndio; pilhagem das grandes propriedades; e caça e desmatamento ilegais. Na região de Samara os camponeses criaram sua própria república, que foi sufocada por tropas do governo. O nível de animosidade de cada região era diretamente proporcional às condições dos camponeses — os sem-terra de Livland e Kurland atacaram e queimaram, enquanto outros que viviam nas áreas vizinhas e de Grodno, Kovno e Minsk, com melhores condições de vida, praticaram poucas violências. No total, 3.228 distúrbios necessitaram de intervenção militar para restaurar a ordem, e os proprietários sofreram prejuízos de por volta de 29 milhões de Rublos.
[editar] O movimento nas cidades
Os trabalhadores usaram a greve como instrumento de luta. Houve imensas greves em São Petersburgo imediatamente após o Domingo Sangrento; mais de 400.000 trabalhadores estavam parados ao final de Janeiro. A ação rapidamente se alastrou para outros centros industriais na Polônia, Finlândia e na costa báltica. Em Riga 80 militantes foram mortos em 13 de Janeiro, e alguns dias depois em Varsóvia 100 grevistas foram alvejados nas ruas. Em Fevereiro havia greves no Cáucaso e em Abril nos Urais e além. Em Março todas as instituições acadêmicas foram obrigadas a fechar as portas pelo resto do ano, fazendo com que muitos estudantes radicais se juntassem aos trabalhadores grevistas. Uma greve dos ferroviários em 8 de Outubro rapidamente se transformou em greve geral em São Petersburgo e Moscou. Em 13 de Outubro, mais de 2 milhões de trabalhadores estavam em greve e praticamente não havia mais estradas de ferro em funcionamento.
[editar] O soviete de São Petersburgo
A idéia de se criar conselhos operários (chamados de sovietes na Rússia), como forma de coordenar as várias greves, nasceu durante as reuniões de trabalhadores que aconteciam no apartamento de Voline (que mais tarde se tornaria um conhecido anarquista) no início do movimento de 1905. Dessas reuniões nasceu o primeiro soviete de São Petersburgo. Seu primeiro presidente foi Khrustalyov-Nosar (Georgy Nosar, aliás Pyotr Khrustalyov, Хрусталев Петр Алексеевич (Носарь Георгий Степанович) (1877-1918)). Entretanto, suas atividades foram rapidamente paralizadas pela repressão do governo.
Durante a greve geral, entretanto, o soviete voltou a funcionar, e passou a ser conhecido como o Soviete de Representantes Operários. A reunião constituinte aconteceu em 13 de Outubro no prédio do Instituto Tecnológico de São Petersburgo e contou com 40 representantes. O soviete chegou a possuir-por volta de 400 e 500 membros (eleitos por aproximadamente 200.000 trabalhadores), representando cinco sindicatos e 96 fábricas da região. Inicialmente, seus membros eram trabalhadores politicamente conscientes, mas foi rapidamente dominado por grupos radicais estabelecidos. Os bolcheviques foram os mais influentes, enquanto os mencheviques e Esers permaneceram em minoria. Durante sua existência, Trotsky voltou do exílio e se tornou representante de Nosar. Quando este foi preso, Trotsky assumiu em seu lugar e rapidamente alterou a agenda da organização. Sob sua liderança pragmática, os grevistas foram chamados a voltar ao trabalho, porque temia-se que a greve dava ao governo uma desculpa para aumentar a repressão.
O trabalho do soviete consistiu na organização das greves e suprimentos para os trabalhadores. Na prática, a política do soviete permaneceu moderada, sendo que as ações mais extremas foram apelar aos trabalhadores para que se recusassem a pagar impostos e que sacassem seu dinheiro dos bancos. Sua influência em São Petersburgo era com certeza maior do que a do governo Imperial durante a revolução, mas sua eficácia foi limitada. A greve geral de Outubro de 1905 ocorreu espontaneamente sem a intervenção do soviete, e sua tentativa de convocar uma nova greve geral em Novembro falhou.
Suas atividades voltaram a cessar em 3 de Dezembro, quando seus líderes, incluindo Trotsky, foram presos e acusados de preparar uma rebelião armada.
Mais tarde, por razões políticas, os bolcheviques falsificaram a história de sua criação, mudando a data de criação do primeiro soviete para o período da Greve de Outubro, quando Trotsky desempenhou um papel importante e atribuiu a iniciativa de sua criação a um dos grupos social-democratas, sem atribuição à afiliação de partido.
[editar] A Revolta do Couraçado Potemkin
O couraçado Potemkin (em russo: Потемкин - pronunciado Patiomkin), nome completo Knyaz' Potyomkin Tavricheski (Князь Потемкин Таврический) foi um navio de guerra pré-dreadnought (Броненосец) da frota do Mar Negro da Rússia. Foi construído nos estaleiros de Nikolayev em 1898 e passou a funcionar em 1904. O nome é uma homenagem a Grigori Aleksandrovich Potemkin, um militar do século XVIII.
No mesmo ano, a tripulação do navio fez uma revolta para reclamar:
* da carne podre que estava sendo servida a eles nas refeições;
* ao saber que estava sendo enviada para lutar contra os japoneses;
* das péssimas condições em que viviam no navio;
Os demais navios da esquadra não aderiram à revolta do “Potemkin”, o que fez com que os tripulantes tivessem que se refugiar na Romênia.
De qualquer forma, tratava-se de um motim em uma grande unidade da Marinha Russa, evidenciando que as Forças Armadas já não podiam ser consideradas sustentáculos fiéis da Monarquia.
A revolta dos marinheiros foi retratada no filme Bronenosets Potyomkyn (russo: Броненосец Потемкин), O Encouraçado Potemkin, ou ainda The Battleship Potemkin nos Estados Unidos, filme de Sergei Eisenstein, lançado em 1925.
[editar] Resultados
Em Outubro de 1905, para tentar remediar a situação, o Czar Nicolau II relutantemente lançou o famoso Manifesto de Outubro, que permitiu a criação de uma Duma (parlamento) nacional e a existência de partidos políticos (destaca-se o Partido Social Democrata, que havia se dividido em 1903: o Partido Menchevique, em minoria, mais moderado e que defendia uma reforma gradual com o apoio da burguesia e o Partido Bolchevique, que retinha a maioria, era mais radical e que defendia uma ação revolucionária). Estas medidas surtiram escassos efeitos, visto que os partidos eram sistematicamente vigiados e a Duma era controlada pela aristocracia e pelo Czar, que a podia dissolver.
Ilya Repin, 17 de Outubro de 1905
Ilya Repin, 17 de Outubro de 1905
Os grupos moderados se satisfizeram; mas os socialistas rejeitaram as concessões como insuficientes e tentaram organizar novas greves. Ao fim de 1905, os reformadores estavam lutando entre si, e graças a isto o Czar teve sua posição relativamente fortalecida ante estes grupos políticos.
Outro ponto é que com o termino da guerra contra o Japão, as tropas russas, que estavam sem o conhecimento das atitudes do czar contra o povo, retornaram ao país, e por ordens do czar reprimiram o movimento. Muitos líderes oposicionistas foram presos ou exilados, e os sovietes colocados na ilegalidade e fechados. As promessas feitas pelo Manifesto de outubro foram deixadas de lado, com exceção da Duma que continuou a funcionar. O czar havia se reabilitado e a revolução de 1905 havia fracassado.
Entretanto, ele havia perdido o principal sustentáculo de seu poder junto ao povo. Até 1905, as massas russas viam o Czar como seu "paizinho", um monarca benévolo que protegeria o povo caso conhecesse sua miséria, mas que era mantido na ignorância pela nobreza corrupta e gananciosa que o cercava. Após o Domingo Sangrento, esse mito caiu por terra. Como poderia o Czar ter ignorado o martírio de seu povo justo em frente à sua residência? No longo prazo, o "Domingo Sangrento" se somou a outros fatores que faziam crescer o descontentamento da população para com o regime vigente. O clímax desse processo seria atingido anos depois, durante a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, e resultaria na Revolução Russa de 1917. Para Lenin, a Revolução de 1905 foi apenas um ensaio geral para a de 1917, que então não seria derrotada por uma contra-revolução.
Revolução Russa de 1917
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A Revolução Russa de 1917 foi uma série de eventos políticos na Rússia, que, após a eliminação da autocracia russa, e depois do Governo Provisório (Duma), resultou no estabelecimento do poder soviético sob o controle do partido bolchevique. O resultado desse processo foi a criação da União Soviética, que durou até 1991.
A Revolução compreendeu duas fases distintas:
* A Revolução de Fevereiro de 1917 (março de 1917, pelo calendário ocidental), que derrubou a autocracia do Czar Nicolau II da Rússia, o último Czar a governar, e procurou estabelecer em seu lugar uma república de cunho liberal.
* A Revolução de Outubro (novembro de 1917, pelo calendário ocidental), na qual o Partido Bolchevique, liderado por Vladimir Lênin, derrubou o governo provisório e impôs o governo socialista soviético.
Índice
[mostrar]
* 1 Antecedentes
o 1.1 A decadência da monarquia czarista
+ 1.1.1 Alexandre II (1858 - 1881)
+ 1.1.2 Alexandre III (1881 - 1894)
+ 1.1.3 Nicolau II (1894 - 1917)
* 2 O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)
o 2.1 A divisão do Partido: mencheviques e bolcheviques
* 3 A Revolta de 1905: o ensaio para a revolução
* 4 Revolução de 1917
o 4.1 A queda do Czar e o processo revolucionário
o 4.2 Revolução de Fevereiro ou Revolução Branca
o 4.3 Revolução de Outubro ou Revolução Vermelha
o 4.4 Guerra civil
* 5 Criação da União Soviética
o 5.1 O Governo Operário na União Soviética
o 5.2 A ascensão de Stalin
+ 5.2.1 A burocracia e a degeneração do estado operário
* 6 Notas
* 7 Ver também
* 8 Ligações externas
Antecedentes
"Não queremos lutar, mas defenderemos os sovietes!"
"Não queremos lutar, mas defenderemos os sovietes!"
Até 1917, o Império Russo foi uma monarquia absolutista. A monarquia era sustentada principalmente pela nobreza rural, dona da maioria das terras cultiváveis. Das famílias dessa nobreza saíam os oficiais do exército e os principais dirigentes da Igreja Ortodoxa Russa.
Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, a Rússia tinha a maior população da Europa, com cerca de 350 milhões de habitantes. Defrontava-se também com o maior problema social do continente: a extrema pobreza da população em geral. Enquanto isso, as ideologias liberais e socialistas penetravam no país, desenvolvendo uma consciência de revolta contra os nobres. Entre 1860 e 1914, o número anual de estudantes universitários cresceu de 5000 para 69000, e o número de jornais diários cresceu de 13 para 856.
A população do Império Russo era formada por povos de diversas etnias, línguas e tradições culturais. Cerca de 80% desta população era rural e 90% não sabia ler e escrever, sendo duramente explorada pelos senhores feudais. Com a industrialização foi-se estabelecendo progressivamente uma classe operária, igualmente explorada, mas com maior capacidade reivindicativa e aspirações de ascensão social. A situação de extrema pobreza e exploração em que vivia a população tornou-se assim um campo fértil para o florescimento de idéias socialistas.
A decadência da monarquia czarista
Para compreender as causas da Revolução Russa, é fundamental conhecer o desenvolvimento básico das estruturas socioeconômicas na Rússia, durante o governo dos três últimos czares.
Alexandre II (1858 - 1881)
Ver artigo principal: Alexandre II da Rússia
Alexandre II tinha consciência da necessidade de se promover reformas modernizadoras no país, para aliviar as tensões sociais internas e transformar a Rússia num Estado mais respeitado internacionalmente. Com sua política reformista, Alexandre II promoveu, por exemplo:
* a abolição da servidão agrária, beneficiando cerca de 40 milhões de camponeses que ainda permaneciam submetidos ao mais cruel sistema de exploração de seu trabalho;
* a suspensão da censura aos livros e à imprensa;
* o incentivo ao ensino elementar e a concessão de autonomia acadêmica às universidades;
* a concessão de maior autonomia administrativa aos diferentes governos das províncias.
Mesmo sem provocar alterações significativas na estrutura social existente na Rússia, a política reformista do czar encontrou forte oposição das classes conservadoras da aristocracia, extremamente sensíveis a quaisquer perdas de privilégios sociais em favor de concessões ao povo.
Apesar das medidas reformistas, o clima de tensão social continuava aumentando entre os setores populares. A terra distribuída aos camponeses era insuficiente, estando fortemente concentrada nas mãos de uma aristocracia latifundiária. A esta faltavam no entanto recursos técnicos e financeiros para uma modernização da agricultura. Esses problemas se traduziam na baixa produtividade agrícola, que provocava freqüentes crises de abastecimentos alimentares, afetando tanto os camponeses como a população urbana.
Em 1881, o czar Alexandre II foi assassinado por um dos grupos de oposição política (os Pervomartovtsi) que lutavam pelo fim da monarquia vigente, responsabilizada pela situação de injustiça social existente.
Alexandre III (1881 - 1894)
Ver artigo principal: Alexandre III da Rússia
Após o assassinato de Alexandre II, as forças conservadoras russas uniram-se em torno do novo czar, Alexandre III, que retomou o antigo vigor do regime monárquico absolutista.
Alexandre III concedeu grandes poderes à polícia política do governo (Ochrana), que exercia severo controle sobre os setores educacionais, imprensa e tribunais, além dos dois importantes partidos políticos (Narodnik e o Partido Operário Social-Democrata Russo, que queriam acabar com a autocracia passaram a actuar na clandestinidade. Impedidos de protestar contra a exploração de que eram vítimas, camponeses e trabalhadores urbanos continuaram sob a opressão da aristocracia agrária e dos empresários industriais. Estes, associando-se a capitais franceses, impulsionavam o processo de industrialização do país. Apesar da repressão política comandada pela Ochrana, as idéias socialistas eram introduzidas no país por intelectuais preocupados em organizar a classe trabalhadora.
Alexandre III faleceu em 1894.
Czar Nicolau II
Czar Nicolau II
Nicolau II (1894 - 1917)
Ver artigo principal: Nicolau II da Rússia
Nicolau II, o sucessor de Alexandre III, procurou facilitar a entrada de capitais estrangeiros para promover a industrialização do país, principalmente da França, da Alemanha, da Inglaterra e da Bélgica, esse processo de industrialização ocorreu posteriormente à da maioria dos países da Europa Ocidental. O desenvolvimento capitalista russo foi ativado por medidas como o início da exportação do petróleo, a implantação de estradas de ferro e da indústria siderúrgica.
Os investimentos industriais foram concentrados em centros urbanos populosos, como Moscovo, São Petersburgo, Odessa e Kiev. Nessas cidades, formou-se um operariado de aproximadamente 3 milhões de pessoas, que recebiam salários miseráveis e eram submetidas a jornadas de 12 a 16 horas diárias de trabalho, não recebiam alimentação e trabalhavam em locais imundos, sujeitos a doenças. Nessa dramática situação de exploração do operariado, as idéias socialistas encontraram um campo fértil para o seu florescimento.
O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)
Stalin, Lenin e Kalinin em 1919.
Stalin, Lenin e Kalinin em 1919.
Com o desenvolvimento da industrialização e o maior relacionamento com a Europa Ocidental, a Rússia recebeu do exterior novas correntes políticas que chocavam com o antiquado absolutismo do governo russo. Entre elas destacou-se a corrente inspirada no marxismo, que deu origem ao Partido Operário Social-Democrata Russo.
O POSDR foi violentamente combatido pela Ochrana. Embora tenha sido desarticulado dentro da Rússia em 1898, voltou a organizar-se no exterior, tendo como líderes principais Gueorgui Plekhanov, Vladimir Ilyich Ulyanov (conhecido como Lênin) e Lev Bronstein (conhecido como Trotski).
A divisão do Partido: mencheviques e bolcheviques
Em 1903, divergências quanto à forma de ação levaram os membros do partido POSDR a se dividir em dois grupos básicos:
* os mencheviques: liderados por Martov, defendiam que os trabalhadores podiam conquistar o poder participando normalmente das atividades políticas. Acreditavam, ainda, que era preciso esperar o pleno desenvolvimento capitalista da Rússia e o desabrochar das suas contradições, para se dar início efetivo à ação revolucionária. Como esses membros tiveram menos votos em relação ao outro grupo, ficaram conhecidos como mencheviques, que significa minoria.
* os bolcheviques: liderados por Lênin, defendiam que os trabalhadores somente chegariam ao poder pela luta revolucionária. Pregavam a formação de uma ditadura do proletariado, na qual também estivesse representada a classe camponesa. Como esse grupo obteve mais adeptos, ficou conhecido como bolchevique, que significa maioria. Trotsky, que inicialmente não se filiou a nenhuma das facções, aderiu aos bolcheviques mais tarde.
A Revolta de 1905: o ensaio para a revolução
Ver artigo principal: Revolta de 1905
Em 1904, a Rússia, que desejava expandir-se para o oriente, entrou em guerra contra o Japão devido à posse da Manchúria,mas foi derrotada. A situação socioeconômica do país agravou-se e o regime político do czar Nicolau II foi abalado por uma série de revoltas, em 1905, envolvendo operários, camponeses, marinheiros (como a revolta no navio couraçado Potemkin^ ) e soldados do exército. Greves e protestos contra o regime absolutista do czar explodiram em diversas regiões da Rússia. Em São Petersburgo, foi criado um soviete (conselho operário) para auxiliar na coordenação das várias greves e servir de palco de debate político.
Diante do crescente clima de revolta, o czar Nicolau II prometeu realizar, pelo Manifesto de Outubro, grandes reformas no país: estabeleceria um governo constitucional, dando fim ao absolutismo, e convocaria eleições gerais para o parlamento (a Duma), que elaboraria uma constituição para a Rússia. Os partidos de orientação liberal burguesa (como o Partido Constitucional Democrata ou Partido dos Cadetes) deram-se por satisfeitos com as promessas do czar, deixando os operários isolados.
Terminada a guerra contra o Japão, o governo russo mobilizou as suas tropas especiais (cossacos) para reprimir os principais focos de revolta dos trabalhadores. Diversos líderes revolucionários foram presos, desmantelando-se o Soviete de São Petersburgo. Assumindo o comando da situação, Nicolau II deixou de lado as promessas liberais que tinha feito no Manifesto de Outubro. Apenas a Duma continuou funcionando, mas com poderes limitados e sob intimidação policial das forças do governo.
A Revolução Russa de 1905, mais conhecida como "Domingo Sangrento", tinha sido derrotada por Nicolau II, mas serviu de lição para que os líderes revolucionários avaliassem seus erros e suas fraquezas e aprendessem a superá-los. Foi, segundo Lenin, um ensaio geral para a Revolução Russa de 1917.
Revolução de 1917
A queda do Czar e o processo revolucionário
Mesmo abatida pelos reflexos da derrota militar frente ao Japão, a Rússia envolveu-se noutro grande conflito, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em que também sofreu pesadas derrotas nos combates contra os Alemães. A longa duração da guerra provocou crise de abastecimento alimentar nas cidades, desencadeando uma série de greves e revoltas populares. Incapaz de conter a onda de insatisfações, o regime czarista mostrava-se intensamente debilitado.
Palácio Tauride, sede da Duma e posteriormente do Governo Provisório e do Soviete de Petrogrado
Palácio Tauride, sede da Duma e posteriormente do Governo Provisório e do Soviete de Petrogrado
Numa das greves em Petrogrado (actualmente São Petersburgo, então capital do país), Nicolau II toma a última das suas muitas decisões desastrosas: ordena aos militares que disparem sobre a multidão e contenham a revolta. Partes do exército, sobretudo os soldados, apóiam a revolta. A violência e a confusão nas ruas tornam-se incontroláveis. Segundo o jornalista francês Claude Anet, morreram em São Petersburgo cerca de 1500 pessoas e cerca de 6000 ficaram feridas.
Em 15 de março de 1917, o conjunto de forças políticas de oposição (liberais burguesas e socialistas) conseguiu depor o czar Nicolau II, dando início à Revolução Russa.
Revolução de Fevereiro ou Revolução Branca
Ver artigo principal: Revolução de Fevereiro
A primeira fase, conhecida como Revolução de Fevereiro, ocorreu de março a novembro de 1917.
Em 23 de Fevereiro (C.J.) (8 de Março, C.G.), uma série de reuniões e passeatas aconteceram em Petrogrado, por ocasião do Dia Internacional das Mulheres. Nos dias que se seguiram, a agitação continuou a aumentar, recebendo a adesão das tropas encarregadas de manter a ordem pública, que se recusavam a atacar os manifestantes.
No dia 27 de Fevereiro (C.J.), um mar de soldados e trabalhadores com trapos vermelhos em suas roupas invadiu o Palácio Tauride, onde a Duma se reunia. Durante a tarde, formaram-se dois comités provisórios em salões diferentes do palácio. Um, formado por deputados moderados da Duma, se tornaria o Governo Provisório. O outro era o Soviete de Petrogrado, formado por trabalhadores, soldados e militantes socialistas de várias correntes.
Temendo uma repetição do Domingo Sangrento, o Grão-duque Mikhail ordenou que as tropas leais baseadas no Palácio de Inverno não se opusessem à insurreição e se retirassem. Em 2 de Março, cercado por amotinados, Nicolau II assinou sua abdicação.
Após a derrubada do czar, instalou-se o Governo Provisório, comandado pelo príncipe Georgy Lvov, um latifundiário, e tendo Aleksandr Kerenski como ministro da guerra. Era um governo de caráter liberal burguês, intensamente interessado em manter a participação russa na Primeira Guerra Mundial. Enquanto isso, o Soviete de Petrogrado reivindicava para si a legitimidade para governar. Já em 1 de Março, o Soviete ordenava ao exército que lhe obedecesse, em vez de obedecer ao Governo Provisório. O Soviete queria dar terra aos camponeses, um exército com disciplina voluntária e oficiais eleitos democraticamente, e o fim da guerra, objectivos muito mais populares do que os almejados pelo Governo Provisório.
Com ajuda alemã, Lenin regressa à Rússia em Abril (C.J.), pregando a formação de uma república dos sovietes, bem como a nacionalização dos bancos e da propriedade privada. O seu principal lema era: Todo o poder aos sovietes.
Entretanto, o processo de desintegração do Estado russo continuava. A comida era escassa, a inflação bateu a casa dos 1.000 %, as tropas desertavam da fronte matando seus oficiais, propriedades da nobreza latifundiária eram saqueadas e queimadas. Nas cidades, conselhos operários foram criados na maioria das empresas e fábricas.A Rússia ainda continuava na guerra.
Revolução de Outubro ou Revolução Vermelha
O cruzador Aurora, navio que ajudou os bolcheviques a conquistar São Petersburgo, na época...
O cruzador Aurora, navio que ajudou os bolcheviques a conquistar São Petersburgo, na época...
...e atualmente, como museu em São Petersburgo.
...e atualmente, como museu em São Petersburgo.
Ver artigo principal: Revolução de Outubro
A segunda fase, conhecida como revolução de Outubro, teve início em novembro de 1917.
Na madrugada do dia 25 de outubro os bolcheviques, liderados por Lênin, Zinoviev e Radek, com a ajuda de elementos anarquistas e Socialistas Revolucionários, cercaram a capital, onde estavam sediados o Governo Provisório e o Soviete de Petrogrado. Muitos foram presos, mas Kerenski conseguiu fugir. À tarde, numa sessão extraordinária, o Soviete de Petrogrado delegou o poder governamental ao Conselho dos Comissários do Povo, dominado pelos bolcheviques. O Comitê Executivo do mesmo Soviete de Petrogrado rejeitou a decisão dessa assembléia e convocou os sovietes e o exército a defender a Revolução contra o golpe bolchevique. Entretanto, os bolcheviques predominaram na maior parte das províncias de etnia russa. O mesmo não se deu em outras regiões, tais como a Finlândia, a Polônia e a Ucrânia.
Em 3 de Novembro, um esboço do Decreto sobre o Controle Operário foi publicado. Esse documento instituía a autogestão em todas as empresas com 5 ou mais empregados. Isto acelerou a tomada do controle de todas as esferas da economia por parte dos conselhos operários, e provocou um caos generalizado, ao mesmo tempo que acelerou ainda mais a fuga dos proprietários para o exterior. Mesmo Emma Goldman viria a reconhecer que as empresas que se encontravam em melhor situação eram justamente aquelas em que os antigos proprietários continuavam a exercer funções gerenciais. Entretanto, este decreto levou a classe trabalhadora a apoiar o recém-criado e ainda fraco regime bolchevique, o que possivelmente teria sido o seu principal objetivo. Durante os meses que se seguiram, o governo bolchevique procurou então submeter os vários conselhos operários ao controle estatal, por meio da criação de um Conselho Pan-Russo de Gestão Operária. Os anarquistas se opuseram a isto, mas foram voto vencido.
Era consenso entre todos os partidos políticos russos de que seria necessária a criação de uma assembléia constituinte, e que apenas esta teria autoridade para decidir sobre a forma de governo que surgiria após o fim do absolutismo. As eleições para essa assembléia ocorreram em 12 de Novembro de 1917, como planejado pelo Governo Provisório, e à exceção do Partido Constitucional Democrata, que foi perseguido pelos bolcheviques, todos os outros puderam participar livremente. Os Socialistas Revolucionários receberam duas vezes mais votos do que os bolcheviques, e os partidos restantes receberam muito poucos votos. Em 26 de Dezembro, Lênin publicou suas Teses sobre a assembléia constituinte, onde ele defendia os sovietes como uma forma de democracia superior à assembléia constituinte. Até mesmo os membros do partido bolchevique compreenderam que preparava-se o fechamento da assembléia constituinte, e a maioria deles foram contra isto, mas o Comitê Central do partido ordenou-lhes que acatassem a decisão de Lênin.
Na manhã de 5 de Janeiro de 1918, uma imensa manifestação pacífica a favor da assembléia constituinte foi dissolvida à bala por tropas leais ao governo bolchevique. A assembléia constituinte, que se reuniu pela primeira vez naquela tarde, foi dissolvida na madrugada do dia seguinte. Pouco a pouco, se tornou claro que os bolcheviques pretendiam criar uma ditadura para si, inclusive contra os partidos socialistas revolucionários. Isto levou os outros partidos a atuarem na ilegalidade, sendo que alguns deles passariam à resistência armada ao governo.
Durante este período, o governo bolchevique tomou uma série de medidas de impacto, como:
* Pedido de paz imediata: em março de 1918, foi assinado, com a Alemanha, o Tratado de Brest-Litovski, onde a Rússia abriu mão do controle sobre a Finlândia, Países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), Polônia, Bielorússia e Ucrânia, bem como de alguns distritos turcos e georgianos antes sob seu domínio.
* Confisco de propriedades privadas: grandes propriedades foram tomadas dos aristocratas e da Igreja Ortodoxa, para serem distribuídas entre o povo.
* Declaração do direito nacional dos povos: o novo governo comprometeu-se a acabar com a dominação exercida pelo governo russo sobre regiões tais como a Finlândia, a Geórgia ou a Armênia.
* Estatização da economia: o novo governo passou a intervir diretamente na vida econômica, nacionalizando diversas empresas.
Guerra civil
Ver artigo principal: Guerra Civil Russa
Durante o curto período em que os territórios cedidos no Tratado de Brest-Litovski estiveram em poder do exército alemão, as várias forças anti-bolcheviques puderam organizar-se e armar-se. Estas forças dividiam-se em três grupos que também lutavam entre si: 1) czaristas , 2) liberais, eseritas e metade dos socialistas e 3) anarquistas. Com a derrota da Alemanha em 1919, esses territórios tornaram-se novamente alvo de disputa, bem como bases das quais partiriam forças que pretendiam derrubar o governo bolchevique.
Ao mesmo tempo, Trotsky se ocupou em organizar o novo Exército Vermelho. Com a ajuda deste, os bolcheviques mostraram-se preparados para resistir aos ataques do também recém formado Exército polonês, dos Exércitos Brancos de Denikin, Kolchak, Yudenich e Wrangel(que se dividiam entre as duas primeiras facções citadas no paragrafo anterior), e também para suprimir o Exército Insurgente de Makhno e a Revolta de Kronstadt, ambos de forte inspiração anarquista. No início de 1921, encerrava-se a guerra civil, com a vitória do Exército Vermelho. O Partido Bolchevique, que desde 1918 havia alterado sua denominação para Partido Comunista, consolidava a sua posição no governo.
Criação da União Soviética
Ver artigo principal: História da União Soviética
Brasão de armas da URSS
Brasão de armas da URSS
Terminada a guerra civil, a Rússia estava completamente arrasada, com graves problemas para recuperar sua produção agrícola e industrial. Visando promover a reconstrução do país, Lenin criou, em fevereiro de 1921, a Comissão Estatal de Planificação Econômica ou GOSPLAN, encarregada da coordenação geral da economia do país. Pouco tempo depois, em março de 1921, adaptou-se um conjunto de medidas conhecidas como Nova Política Econômica ou NEP. Entre as medidas tomadas pela NEP destacam-se: liberdade de comércio interno, liberdade de salário aos trabalhadores, autorização para o funcionamento de empresas particulares e permissão de entrada de capital estrangeiro para a reconstrução do país. O Estado russo continuou, no entanto, exercendo controle sobre setores considerados vitais para a economia: o comércio exterior, o sistema bancário e as grandes indústrias de base.
O Governo Operário na União Soviética
Desde 1918, após uma tentativa de assassinato de Lenin no mês de agosto com a participação de membros do partido Socialista Revolucionário, os comunistas tinham proibido os outros partidos políticos. Em abril de 1922, Stalin foi nomeado secretário-geral do Partido, encarregando-se de combater as facções de oposição no interior do Partido e de garantir os postos importantes da administração estatal para pessoas da inteira confiança do regime o que foi por ele utilizado para impor à administração interna a hegemonia do seu grupo pessoal.
Em dezembro de 1922, foi organizado um congresso geral de todos os sovietes, ocorrendo a fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O governo da União, cujo órgão máximo era o Soviete Supremo (Legislativo), passou a ser integrado por representantes das diversas repúblicas.
Competia ao Soviete Supremo eleger um comitê executivo (Presidium), dirigido por um presidente a quem se reservava a função de chefe de estado. Competiam ao governo da União as grandes tarefas relativas ao comércio exterior, política internacional, planificação da economia, defesa nacional, entre outros.
Paralelamente a essa estrutura formal, estava o Partido Comunista, que controlava, efetivamente, o poder da URSS. Sua função era controlar os órgãos estatais, estimulando sua atividade e verificando sua lealdade e manter os dirigentes em contato permanente com as massas. Também assegurava à população a difusão das ideologias vindas da alta cúpula.
A ascensão de Stalin
Lênin, o fundador do primeiro Estado socialista, morreu em janeiro de 1924. Teve início, então, uma grande luta interna pela disputa do poder soviético, Num primeiro momento, entre os principais envolvidos nesta disputa pelo poder figuravam Trotski e Stalin.
Trotski defendia a tese da revolução permanente, segundo a qual o socialismo somente seria possível se fosse construído à escala internacional. Ou seja, a revolução socialista deveria ser levada à Europa e ao mundo.
Opondo-se a tese trotskista, Stalin defendia a construção do socialismo num só país. Pregava que os esforços por uma revolução permanente comprometeriam a consolidação interna do socialismo na União Soviética.
A tese de Stalin tornou-se vitoriosa. Foi aceita e aclamada no XIV Congresso do Partido Comunista.
Trotski foi destituído das suas funções como comissário de guerra, expulso do Partido e, em 1929, deportado da União Soviética. Tempos depois, em 1940, foi assassinado no México, a mando de Stalin, por um agente de segurança soviético, que desferiu no antigo líder do Exército Vermelho golpes de picareta na cabeça.
A burocracia e a degeneração do estado operário
A partir de dezembro de 1929, Stalin converteu-se no ditador absoluto da União Soviética. O método que utilizou para a total conquista do poder político teve como base a sua habilidade no controle da máquina burocrática do Partido e do Estado, bem como a montagem de um implacável sistema de repressão política de todos os opositores. Desse modo, Stalin conseguiu eliminar do Partido, do Exército e dos principais órgãos do Estado todos os antigos dirigentes revolucionários, muitos dos quais tinham sido grandes companheiros de Lénin, como Zinoviev, Bukharin, Kamenev, Rikov, Muralov entre outros.
Depois de presos e torturados, os opositores de Stalin eram forçados a confessar crimes de espionagem que não haviam praticado. E, assim, conhecidos patriotas eram executados como traidores da pátria. Era a farsa jurídica que caracterizou as chamadas depurações estalinistas.
Durante o período stalinista (1924 - 1953) calcula-se que o terror político soviético foi responsável pela prisão de mais de cinco milhões de cidadãos e pela morte de mais de 500 mil pessoas.
Notas
* [1] Couraçado Potemkin: este navio foi palco de uma grande revolta de marinheiros da Revolução Russa, causada pela carne podre que lhes era servida nas refeições. Esta revolta foi retratada no filme Bronenosets Potyomkin (1925) de Sergei Eisenstein.
Revolução de Fevereiro
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A Revolução de Fevereiro ou Revolução Menchevique de 1917 inaugurou a primeira fase da Revolução Russa de 1917. Seu resultado imediato foi a abdicação do Czar Nicolau II. Ela ocorreu como resultado da insatisfação popular com a autocracia czarista e com a participação do país na Primeira Guerra Mundial. Ela levou a transferência de poder do Czar para um regime republicano e democrático, surgido da aliança entre liberais e socialistas que pretendiam conduzir reformas políticas.
Índice
[mostrar]
* 1 A Primeira Guerra Mundial
* 2 O Dia Internacional das Mulheres
* 3 O Governo Provisório
* 4 Revolução Branca
* 5 Veja também
[editar] A Primeira Guerra Mundial
A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial teve efeitos catastróficos para o país. Após alguns sucesso iniciais contra a Áustria-Hungria em 1914, as deficiências Russas — particularmente a falta de equipamentos e o uso de armas obsoletas — se tornaram cada vez mais evidentes.
Em 1915, a situação piorou drasticamente quando a Alemanha tomou a iniciativa contra as forças russas. As forças alemãs, muito melhor armadas com metralhadoras e artilharia pesada, foram terrivelmente eficazes contra as forças mal-equipadas da Rússia. Ao final de 1916, a Rússia havia perdido entre 1,6 e 1,8 milhões de soldados em batalha, com um adicional de dois milhões de soldados feitos prisioneiros e um milhão de desaparecidos, o que teve um efeito devastador sobre o moral do exército. Motins começaram a ocorrer, e em 1916 começaram a surgir informações sobre fraternização com o inimigo. Os soldados estavam famintos e careciam de sapatos, munições, e mesmo de armas.
Confrontado com essa situação, Nicolau decidiu tomar pessoalmente o comando do exército em 1915, deixando a administração pública nas mãos de sua esposa, a Czarina Alexandra, e dos ministros de Estado. Notícias sobre corrupção e incompetência no governo imperial, e a influência cada vez mais intensa do místico Grigori Rasputin nos negócios do governo, intensificaram ainda mais a insatisfação popular.
Então, em Novembro de 1916, a Duma advertiu o Czar de que um desastre se abateria sobre o país caso uma forma constitucional de governo não fosse instituída. Como de costume, Nicolau ignorou-os.
[editar] O Dia Internacional das Mulheres
Na primeira metade de fevereiro de 1917, a escassez de alimentos levou a distúrbios na capital, Petrogrado. Em 18 de Fevereiro (C.J.) a principal fábrica de Petrogado, a Usina Putilov, anunciou uma greve; os grevistas foram despedidos e algumas lojas fecharam, o que causou inquietação em outras empresas. Em 23 de Fevereiro(C.J.) (8 de Março, C.G.), uma série de reuniões e passeatas aconteceram por ocasião do Dia Internacional das Mulheres. Trabalhadoras têxteis em passeata apedrejaram janelas de outras fábricas para chamar os operários a se juntarem a elas, gritando "Abaixo a fome! Pão para os trabalhadores!". Depois começaram a virar bondes e saquearam uma grande padaria. Este tipo de agitação não era novidade. O que houve de novo, e foi notado pelas testemunhas da época, foi que a polícia não os reprimiu. Os grevistas não procuraram esconder seus rostos sob o casaco como de costume. Um oficial cossaco gritou a alguns grevistas liderados por uma velha, "Quem vocês seguem? Vocês são liderados por uma velha bruxa." A mulher respondeu "Não por uma velha bruxa, mas pela irmã e mãe de soldados no front". Alguém gritou, "Cossacos, vocês são nossos irmãos, vocês não podem atirar em nós." Os cossacos, símbolos do terror czarista, foram embora. [1]
Nos dias que se seguiram, a agitação continuou a aumentar, e mais tropas, por empatia ou por medo, se recusavam a atacar os manifestantes. Em meio aos conflitos de rua, policiais e oficiais que ordenavam aos seus soldados que atirassem eram linchados. O abastecimento de combustível e alimentos parou. E os telegramas informando a situação eram simplesmente ignorados pelo Czar e sua família.
[editar] O Governo Provisório
À uma hora da tarde do dia 27 de Fevereiro, um mar de soldados e trabalhadores com trapos vermelhos em suas roupas invadiu o Palácio Tauride, onde a Duma se reunia. Kerensky, um jovem advogado socialista, conhecido e respeitado pelo povo, e deputado, os recebeu. Durante a tarde, dois comitês provisórios se formaram em salões diferentes do palácio. Um, formado por deputados moderados da Duma, se tornaria o Governo Provisório. O outro era o primeiro Soviete de Petrogrado, o mesmo que havia se formado na Revolução de 1905. O soviete elegeu um comitê executivo permanente formado por representantes de todos os agrupamentos socialistas. Os bolcheviques tinham dois membros de um total de quatorze. O soviete decidiu publicar seu próprio jornal diário, chamado Izvestia.
Na manhã do mesmo dia Nicolau recebeu um telégrafo anunciando que apenas um punhado de suas tropas permanecia leal. O estado de sítio foi proclamado, mas inutilmente, pois não haviam tropas leais para colocá-lo em prática. Naquela noite, agitadores e políticos, exaustos, dormiram no Palácio Tauride, temendo uma reação do Tzar. O Grã-duque Mikhail ordenou que as tropas leais baseadas no Palácio de Inverno fossem retiradas, temendo que um choque delas com a população fizesse repetir os acontecimentos que dispararam a Revolução de 1905.
Na terça-feira 28 de Fevereiro, a cidade era dos amotinados. Embarcado em um trem que rumava em direção ao Palácio de Alexandre, o Tzar foi obrigado a retroceder 90 milhas, já que a estação seguinte estava em poder dos rebeldes. O trem parou na Estação de Pskov, onde em 2 de Março, Nicolau assinou sua abdicação.
A contagem oficial de mortos foi de 1224, o equivalente a poucas horas de combate na guerra que ainda rugia. Assim, considera-se que a Revolução de Fevereiro foi um acontecimento praticamente pacífico. Entretanto, Petrogrado tinha agora dois governos paralelos: o Governo Provisório, dominado pela classe média e favorável à continuação da guerra, e o Soviete de Deputados dos Trabalhadores e Soldados, que queria instituir a jornada de 8 horas de trabalho, terra para os camponeses, um exército com disciplina voluntária e oficiais eleitos democraticamente, o fim da guerra, e separação da Igreja do Estado.
[editar] Revolução Branca
Revolução Branca foi a primeira fase da revolução que ocorreu de março a novembro de 1917.
O governo provisório elegeu o príncipe Georgy Lvov, que era latifundiário, para primeiro-ministro, tendo Aleksandr Kerenski como ministro da guerra. Já em 1 de Março, o Soviete de Petrogrado contestava o poder desse governo, ao aprovar a Ordem n° 1. Nesta, o Soviete ordenava ao exército que lhe obedecesse, em vez de obedecer ao Governo Provisório.
Durante todos esses acontecimentos, Lenin estava exilado em Zurique, na Suíça. As notícias da queda do Tzarismo a princípio o deixaram atônito. O Partido Bolchevique havia desempenhado um papel secundário em todos esses eventos. Entretanto, Lênin acreditava que o potencial Revolucionário ainda não havia se esgotado. Ele acreditava que "O povo quer paz. O povo quer pão e terra. E eles lhes dão guerra, fome, e a terra continua nas mãos dos latifundiários." O governo alemão reconheceu em Lênin um potencial para desestabilizar o Governo Provisório russo, possivelmente ao ponto de forçar o país a se retirar da Guerra. Assim, ofereceram ao bolchevique um carro de trem selado, para que passasse da Suíça à Rússia em segurança, e pudesse levar o caos aos seus inimigos. Assim, Lênin regressa à Rússia (abril de 1917), pregando a formação de uma república dos sovietes, bem como a nacionalização dos bancos e da propriedade privada. O seu principal lema era: Todo o poder aos sovietes. Durante esse período, as ordens do governo eram discutidas nos sovietes e nem sempre cumpridas. Trotsky chegaria em Maio, vindo de Nova Iorque, onde vivia após escapar de um exílio perpétuo na Sibéria.
Kerensky, ministro da guerra, tornou-se, após a renúncia de Lvov, primeiro-ministro, em 21 de Julho, mantendo a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, no que era extremamente criticado pelos socialistas. Entretanto, o processo de desintegração do Estado russo continuava. A comida era escassa, a inflação bateu a casa dos 1.000 %, as tropas desertavam do front matando seus oficiais, propriedades da nobreza latifundiária eram saqueadas e queimadas, e operários trabalhavam bêbados de álcool de cozinha, verniz ou qualquer outro substituto para a bebida. Assim como o governo do Tzar, o novo governo provisório não procurou solucionar os problemas que causavam a desgraça do povo e o levavam a se insurgir. Não havia como fazê-lo respeitando os limites aos quais se obrigou a respeitar, isto é, mantendo o país em guerra e com a mesma constituição social. "O poder estava suspenso no ar", esperando que alguém com uma plataforma ainda mais radical o tomasse. Eram enormes as perdas humanas sofridas pela Rússia na guerra, que os socialistas diziam só interessar às potências capitalistas.
Revolução de Outubro
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A Revolução de Outubro, também conhecida como Revolução Bolchevique ou Revolução Vermelha, foi a segunda fase da Revolução Russa de 1917. A Revolução de Outubro foi liderada por Vladimir Lenin e pelos bolcheviques, e se tornou a primeira revolução comunista marxista do Século XX.
Índice
[mostrar]
* 1 Partidos Políticos
* 2 O Poder Dual
* 3 A Ascensão do Partido Bolchevique
* 4 O Caso Kornilov
* 5 O Comitê Central é posto de lado
* 6 O Comando Militar é posto de lado
* 7 A Insurreição
* 8 Ligações externas
* 9 Veja também
[editar] Partidos Políticos
1. Monárquicos de várias tendências, estes grupos outrora poderosos trabalhavam às escondidas ou unidos aos cadetes que gradualmente se levantaram em prol do seu programa.
2. Cadetes, eram assim chamados devido às iniciais do seu nome em inglês, Constituicionais Democratas. O seu nome oficial era Partido da Liberdade do Povo. Sob o Czar, compunha-se de liberais das classes abastadas e era o partido da reforma política. Em Março de 1917 formaram o Primeiro Governo Provisório, tendo sido derrubado em Abril. À medida que a Revolução se tornou mais social e económica os Cadetes tornaram-se também mais conservadores.
3. Socialistas Populistas ou Trudoviques (Grupo Trabalhista). Partido numericamente diminuto, composto por intelectuais, dirigentes das sociedades cooperativas e camponeses conservadores.
4. Partido Russo Trabalhista, Democrático e Social de origem socialista marxista. No Congresso de 1903 deu-se uma cisão em duas alas, uma maioritária (Bolshinstvo)e uma minoritária (Menshinstvo) que viriam a dar lugar a dois partidos: Mencheviques e Bolcheviques
a) Menchevique incluia socialistas de vários tons e que acreditavam numa evolução natural da sociedade até ao socialismo. Estes intelectuais socialistas agiam instintivamente de acordo com as classes abastadas de quem haviam recebido a primeira instrução.
b) Internacionalistas Mencheviques formavam a ala radical dos mencheviques, opositores de uma coligação com as classes abastadas mas sem quebrar o contacto com os conservadores
c) Bolchevique que para dar mais ênfase à sua separação ao socialismo moderado e parlamentar passaram a chamar-se Partido Comunista. Era o partido dos desejos dos operários fabris e dos camponeses pobres.
5. Partido Socialista Revolucionário Esquerdista foi na sua origem o partido revolucionário dos camponeses.
[editar] O Poder Dual
Desde a Revolução de Fevereiro, a Rússia possuia dois governos paralelos, funcionando no mesmo palácio. Um, chamado de Governo Provisório foi formado pela antiga Duma e adotou a forma parlamentar de governo. O outro era o Comitê Central do Soviete de Petrogrado, composto por socialistas de vários matizes, e com a predominância dos mencheviques em primeira hora. O Governo Provisório era francamente a favor da continuação da guerra. O Comitê Central carecia de consenso sobre esta questão. Entretanto, por não participar do Governo Provisório, pôde repetidamente culpá-lo pela situação caótica sob a qual o país vivia.
Em 20 e 21 de Abril houve manifestações contra a guerra, e unidades militares se juntaram a estas, que assumiram o caráter de insurreição. Vários ministros se demitiram, e em 1 de Maio o comitê central, após votação, permitiu que seus membros participassem do Governo Provisório. Os bolcheviques foram contrários a isto. Seis socialistas se tornaram parte do gabinete, e Kerensky se tornou ministro da guerra. A partir daí, os bolcheviques se tornaram a oposição "oficial", enquanto que os agrupamentos socialistas participantes do governo se tornaram alvo das críticas direcionadas ao governo.
[editar] A Ascensão do Partido Bolchevique
Os bolcheviques começaram um grande esforço de propaganda, triplicando a tiragem do Pravda em menos de um mês (de 100 mil cópias em Junho para mais de 350 mil em Julho). Outra tentativa de insurreição, liderada pelos bolcheviques, aconteceu entre 3 e 5 de Julho, mas sem sucesso. O comitê central adotou uma série de resoluções impedindo a prisão e julgamento dos bolcheviques. Sentindo sua fraqueza, o governo permitiu que vários fossem postos em liberdade.
Em 20 de Agosto os bolcheviques ganharam um terço dos votos nas eleições municipais. A atividade dos sovietes diminuía e suas reuniões se tornavam menos concorridas. Enquanto outros partidos socialistas abandonavam os sovietes, os bolcheviques aumentavam sua presença. Em 25 de Setembro eles conquistaram a maioria na Seção Trabalhista do Soviete de Petrogrado e Trotsky foi eleito presidente.
[editar] O Caso Kornilov
Após os acontecimentos de Julho, o General Lavr Kornilov foi apontado Comandante-em-Chefe do Exército Russo. Kornilov, assim como a maior parte da classe média russa, acreditava que o país estava se deteriorando e que uma derrota militar na guerra seria desastrosa para o orgulho e honra russas. Ele anunciou que Lenin e seus "espiões alemães" deveriam ser enforcados, os sovietes eliminados, a disciplina militar restaurada e o Governo Provisório deveria ser 'reestruturado'.
Kerensky o demitiu em 9 de Setembro, por suspeita de que este pretendia criar uma ditadura militar. Kornilov respondeu com um chamado a todos os russos para que 'salvassem sua pátria moribunda' e ordenou a seus cossacos e chechenos que avançassem sobre Petrogrado, com a ajuda de especialistas e equipamentos britânicos. Sem poder confiar em seu próprio exército, Kerensky buscou ajuda na organização militar bolchevique, os Guardas Vermelhos.
A população da capital mobilizou algumas milícias populares para defender Petrogrado. Muitas delas foram criadas com a ajuda dos bolcheviques. Estes também enviaram comissários aos acampamentos de Kornilov para disseminar sua propaganda. A tentativa de golpe de Kornilov foi frustrada sem derramamento de sangue, pois seus cossacos o desertaram.
[editar] O Comitê Central é posto de lado
Em 20 de Outubro (anunciado em 26 de Setembro) tomou lugar o Segundo Congresso Pan-Russo de Sovietes, por iniciativa dos bolcheviques, a despeito de que apenas 8 de 169 sovietes tenham expressado apoio a este. As eleições para a assembléia constituinte estavam próximas, e aparentemente os bolcheviques pretendiam ofuscá-la e tomar-lhe o poder com uma reunião paralela por eles controlada. O Comitê Central denunciou a manobra, mas repentinamente e sem explicação, a aprovou em 17 de Outubro.
[editar] O Comando Militar é posto de lado
Em 6 de Outubro, com o avanço alemão ameaçando Petrogrado, o governo planejou evacuar a cidade. O Comitê Central foi contra. O plano foi abandonado. No dia 9, o Soviete votou a favor de um Comitê Militar-Revolucionário (CMR) que o protegesse de possíveis golpes no estilo de Kornilov. Na prática, entretanto, esse comitê foi pouco mais que uma fachada para a atividade dos Guardas Vermelhos.
Na noite de 21 de Outubro, o CMR tomou o controle da guarnição de Petrogrado em nome da seção dos soldados do Soviete. O comandante do distrito, Coronel Polkovnikov, se recusou a ceder o comando, no que foi condenado publicamente como "contra-revolucionário".
[editar] A Insurreição
A insurreição bolchevique começou em 24 de Outubro, quando as forças "contra-revolucionárias" tomaram medidas modestas para proteger o governo. O CMR enviou grupos armados para tomar as principais agências telegráficas e baixar as pontes sobre o rio Neva. A ação foi rápida e sem impedimentos.
Um comunicado declarando o fim do Governo Provisório e a transferência do poder para o Soviete de Petrogrado foi emitida pelo CMR às 10 horas de 25 de Outubro – de fato escrito por Lênin. À tarde uma sessão extraordinária do Soviete de Petrogrado foi presidida por Trotsky. Ela estava cheia de deputados bolcheviques e socialistas de esquerda. O Segundo Congresso de Sovietes abriu naquela noite, escolhendo um Conselho de Comissários do Povo composto por três mencheviques e 21 bolcheviques e socialistas de esquerda, e que formaria a base de um novo governo. O Comitê Executivo do Soviete de Petrogrado rejeitou a decisão daquele congresso e convocou os sovietes e o exército para defender a Revolução.
Na noite do dia 26 o Congresso aprovou o Decreto da Paz, propondo a retirada imediada da Rússia da Primeira Guerra Mundial, e o Decreto da Terra, que propunha a abolição da propriedade privada e a redistribuição de terras entre os camponeses.
As tentativas de tomada de poder dos bolcheviques foram coroadas de sucesso na maior parte da Rússia. Entretanto, o mesmo não se deu em regiões etnicamente diferentes, como na Ucrânia. O conflito entre os bolcheviques e os vários grupos não-bolcheviques à direita (tzaristas, liberais, nacionalistas) e à esquerda (anarquistas) levaram à Guerra Civil Russa, que duraria até o final de 1921.
Guerra Civil Russa
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A guerra civil russa foi um conflito armado que eclodiu em abril de 1918 e terminou em 1922. Durante este período, exércitos e milícias de diversos matizes políticos se enfrentaram com o objetivo de implantar seu próprio sistema. As partes em conflito incluiram ex-generais Tzaristas, republicanos liberais (os cadetes), o exército vermelho (bolchevique), milícias anarquistas (o Exército Insurgente Makhnovista) e tropas de ocupação estrangeiras. O Exército Vermelho foi o único vencedor do conflito, após o qual foi criado o Estado Soviético, sob liderança inconteste dos bolcheviques.
Aproveitando-se do verdadeiro caos em que o país se encontrava, as nações aliadas da primeira guerra mundial resolveram intervir a favor dos brancos (Tzaristas e liberais). Tropas inglesas, francesas, americanas e japonesas desembarcaram tanto nas regiões ocidentais (Criméia e Georgia) como nas orientais (ocupação de Vladivostok e da Sibéria Oriental). Seus objetivos eram: derrubar o governo bolchevique (que era pela paz com a Alemanha) e instaurar um regime favorável à continuação da Rússia na guerra; mas talvez seu objetivo maior fosse evitar a "contaminação" da Europa Ocidental pelos ideais comunistas - daí a expressão utilizada por Clemenceau, Presidente da França - de "cordon sanitaire".
No terreno econômico, devido a situação de emergência e pelo próprio ímpeto revolucionário, o partido bolchevique instituiu o "comunismo de guerra". O dinheiro e as leis do mercado foram abolidas, sendo substituídos por uma economia dirigida baseada no confisco de cereais produzidos pelos camponeses. Naturalmente estas medidas criaram um desestímulo a plantio, levando-os a produzirem exclusivamente para o sustento de suas famílias. O resultado foi catastrófico. Os centro urbanos ficaram sem alimentos, provocando um êxodo urbano - (Petrogrado e Moscou viram sua população reduzir-se pela metade). A fome de 1921 transformou-se numa das maiores tragédias da Rússia moderna - milhões pereceram.
[editar] Rebeliões de Julho de 1918
Em 6 de julho de 1918, após o assassinato do embaixador alemão em Moscou, Conde Wilhelm von Mirbach, seguiram-se uma série de levantes e rebeliões por parte dos anarquistas russos contra o recém instaurado governo bolchevique e também o exército branco. Estes levantes tiveram maior projeção até o fim daquele mesmo mês, mas se estenderam até 30 de dezembro de 1922.
Tais acontecimentos, por alguns agrupados em torno do conceito de Revolução de 1918, iniciaram-se durante o Quinto Congresso dos Soviets de Toda Rússia, nos quais os discursos anti-bolcheviques dos anarquistas e dos socialistas-revolucionários não receberam apoio da maioria dos delegados. Derrotados no congresso, os anarquistas e os socialistas-revolucionários decidiram sabotar o Tratado de Brest-Litovsk arrastando a Rússia Soviética a uma guerra com a Alemanha assassinando o embaixador alemão em Moscou.
Stalinismo
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Stalinismo ou Estalinismo é a designação coloquial do ramo da teoria política e do sistema político e económico socialista implementado na União Soviética por Josef Stalin e demais regimes semelhantes. Hannah Arendt descreveu o sistema como totalitário e esta descrição foi muito usada pelos críticos do estalinismo.
Críticos do Stalinismo afirmam que tal corrente é anti-Marxista; alguns afirmam que é totalitária e até fascista. Entre os académicos marxistas, tal corrente (junto com outras) é chamada de marxismo vulgar, por ter incorporado à sua base ideológica pensamentos não originários de Karl Marx.
Índice
[mostrar]
* 1 Características do Stalinismo
* 2 Stalinismo como teoria política
* 3 Stalinismo econômico e político
* 4 Stalinismo e a Burocratização
* 5 Stalin e o Socialismo Nacionalista
* 6 Stalinismo no Mundo
* 7 Desestalinização
* 8 Referências bibliográficas
* 9 Ver também
* 10 Ligações externas
[editar] Características do Stalinismo
Os regimes classificados com o termo "stalinismo", seja sob conotação pejorativa (pelos críticos) ou, ao contrário, laudatória (pelos admiradores), apresentam determinadas características em comum com relação ao modo de conduzir a construção do socialismo e, principalmente, a segurança do Estado. Embora não sejam necessariamente todos adotados simultaneamente, são aspectos comuns do stalinismo, entre outros:
* radicalização da ditadura do proletariado e do regime de partido único;
* centralização dos processos de tomada de decisão no núcleo dirigente do Partido;
* burocratização do aparelho estatal;
* intensa repressão a dissidentes políticos e ideológicos;
* culto à personalidade do(s) líder(es) do Partido e do Estado;
* intensa presença de propaganda estatal e incentivo ao patriotismo como forma de organização dos trabalhadores;
* censura aos meios de comunicação e expressão;
* coletivização obrigatória dos meios de produção agrícola e industrial;
* militarização da sociedade e dos quadros do Partido.
"Trabalhe duro, como ensina Stalin"; lema de um cartaz Stanlista da União Soviética
"Trabalhe duro, como ensina Stalin"; lema de um cartaz Stanlista da União Soviética
[editar] Stalinismo como teoria política
O termo utilizado na União Soviética para designar o stalinismo (e que continuou sendo usado por aqueles que apoiaram a política de Stalin) é simplemente marxismo-leninismo, como se designava oficialmente a doutrina revolucionária na URSS. O chamado stalinismo se concentra em interpretar e aplicar as idéias de Marx e Lenin e construir um sistema político que dizia adaptar as idéias marxistas-leninistas às necessidades mutantes da sociedade. Entre aqueles que professam o marxismo ou o leninismo, há muitos que vêem o estalinismo como uma perversão desta ideologia. Os trotskistas, em particular, são virulentamente antistalinistas, considerando Stalin como um contra-revolucionário que utilizava Marx como pretexto para pretensões políticas pessoais. No sentido contrário, os partidarios de Stalin pensam o mesmo sobre Trotsky.
Após a morte de Lenin, em 1924, os comunistas aceitaram Stalin como a máxima autoridade do marxismo-leninismo. Na URSS, enfatizou-se o fato de que Trotsky não entrou para o partido bolchevique até 1917, afirmando que não acreditava realmente nas contribuições de Lenin (como a necessidade de um partido de vanguarda, a lei do desenvolvimento desigual), e que Lenin sempre foi especialmente crítico a Trotsky (ao qual chamou de "Judas Trotsky" diversas vezes). De 1917 a 1924, Lenin, Trotsky e Stalin freqüentemente apareceram juntos, mas de fato suas diferenças nunca foram ressaltadas.
Na luta entre Trotsky e Stalin que se seguiu à morte de Lenin, o primeiro tirou a importância do papel dos trabalhadores nos países capitalistas avançados (por exemplo, expôs uma série de teses, previamente apontadas por Lenin, que consideravam que a classe trabalhadora dos Estados Unidos era uma aristocracia operária aburguesada), pois considerava que o Estado do bem-estar dos países capitalistas e suas políticas imperialistas dificultam o surgimento de tensões revolucionárias. Mesmo assim, Stalin tinha diferenças com Trotsky em relação ao papel dos camponeses: enquanto o secretário-geral defendia uma aliança de proletários e camponeses, no espírito bolchevique, Trotsky considerava que o tipo de aliança professado por Stalin era contra-revolucionário por dar papel preponderante à política dos camponeses (considerados pelo marxismo como um conjunto heterogêneo de setores sociais entre os quais há burgueses, pequeno-burgueses e proletários rurais) frente aos operários. As principais idéias de Stalin dentro da práctica política nas quais se aleja do pensamento de Lenin incluíam a defesa do socialismo em um só país, a noção de que a luta de classes se agravaria ao longo do desenvolvimento do socialismo, com o que seria necessário aumentar o controle por parte do partido e do Comitê Central, e de modo geral uma moral social mais conservadora, principalmente no que se refere às questões de gênero.
Embora Stalin não seja costumeiramente reconhecido como um teórico, publicou sob sua autoria inúmeros livros em linguagem compreensível.
[editar] Stalinismo econômico e político
Construindo e transformando o legado de Lenin, Stalin desenvolveu o sistema socialista da União Soviética durante os anos 20 e 30. Uma série de planos qüinqüenais, paradoxalmente idealizados por Trotsky, tornou possível o desenvolvimento acelerado da sua economia. Grandes crescimentos se observaram em muitos setores, especialmente do ferro e do aço. A sociedade foi levada de uma posição de décadas de atraso em relação ao Ocidente a uma posição de igualdade econômica e científica em 30 anos, segundo alguns dados estatísticos. Alguns historiadores da economia actualmente crêm que foi o mais rápido crescimento económico que já houve na História da humanidade.
Por causa do prestigio e influência da Revolução na Rússia, muitos países que durante o século XX buscaram um modelo alternativo ao sistema de mercado seguiram os passos da URSS, tanto política como economicamente.
Alguns historiadores encontram paralelismos entre o stalinismo e a política econômica do tsar Pedro, o Grande. Ambos queriam que Rússia alcançasse os estados europeus ocidentais. Ambos tiveram êxito em seu intento, convertendo a Rússia em potências de suas épocas. Outros comparam Stalin com Ivan IV da Rússia, por suas políticas de restrição a liberdades. Finalmente, tanto stalinistas quanto anticomunistas consideram que existe uma linha de continuidade direta entre o pensamento e o governo de Lenin e Stalin.
[editar] Stalinismo e a Burocratização
Uma das medidas mais notáveis de Stalin foi a burocratização do Estado (centralização do poder nas mãos de poucos). Este é um dos pontos mais atacados pelos críticos da corrente, que acusam que Marx sempre fora contra tal centralização. Segundo esses críticos, Marx visava um Estado onde o poder estivesse com o proletariado, o que não aconteceu na URSS Stalinista, onde o poder estava centralizado à cúpula do Partido Comunista. Os críticos do stalinismo consideram a URSS como "um estado operário com deformações burocráticas", e não exatamente um estado socialista. Para os trotskistas, o estado soviético sob Stalin se converteu em um sistema que, em lugar da ditadura do proletariado pregada por Marx, constituía-se de uma ditadura de uma casta dirigente que, embora não fosse proprietária dos meios de producção e nem uma classe social, acumularia benefícios e privilégios às custas da classe trabalhadora.
[editar] Stalin e o Socialismo Nacionalista
Outra crítica dos anti-Stalinistas é a idéia de nacionalizar a revolução socialista, ou seja, mantê-la na URSS. Este é outro ponto de divergência entre Stalin e Trotsky; este último defendia a internacionalização da revolução, ou seja, defendia que a União Soviética espalhasse sua revolução socialista pelo resto da Europa. Entretanto, os stalinistas argumentavam que era necessário primeiro consolidar o socialismo na URSS para que, a longo prazo, esta tivesse força suficiente para sustentar a revolução mundial. Segundo esta visão, caso os soviéticos se engajassem num conflito de proporções globais antes de conseguir proteger-se e defender-se dos inimigos capitalistas e fascistas, o socialismo nunca teria triunfado.
Durante seu governo, Stalin converteu a União Soviética em uma potência mundial com um crescimento vertiginoso nunca obtido antes nem depois. Também aumentaram, nessa época, as competências do controle por parte do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, algo considerado necessário pelo partido para enfrontar a industrialização e a guerra posterior.
Críticos do governo de Stalin afirmam que esta é outra divergência desta corrente para a doutrina marxista, que defende a união dos trabalhadores de todo o mundo para fazerem a revolução internacional.
[editar] Stalinismo no Mundo
"O Grande Stalin é conhecido amigo dos povos da União Soviética": O culto à personalidade é marca típica do stalinismo
"O Grande Stalin é conhecido amigo dos povos da União Soviética": O culto à personalidade é marca típica do stalinismo
Diversos governos socialistas implantados em outros países além da URSS, principalmente no período de 1945 a 1991, também foram diversas vezes classificados de "stalinistas", graças a determinados métodos políticos e econômicos empregados (ver Características acima). Entre eles, destacadamente, encontra-se o regime de Kim Il-sung e seu filho e sucessor Kim Jong-il na Coréia do Norte, através da ideologia oficial Juche. O ditador iraquiano Saddam Hussein, baseado na ideologia pró-socialista e secularista Ba'ath e admirador confesso de Stalin, tentou implantar um regime proto-stalinista no Iraque, embora não seja normalmente considerado stalinista.
O stalinismo em outros países, principalmente nos anos antes, durante e imediatamente após a Segunda Guerra Mundial (ou seja, das décadas de 1930 a 1950) esteve associado diretamente ao alinhamento automático às políticas de Moscou e do Komintern. Vários governantes destes regimes podem, assim, ser considerados stalinistas, como Mátyás Rákosi na Hungria, Georgi Dimitrov na Bulgária, Klement Gottwald na Tchecoslováquia, Bolesław Bierut na Polônia e Horloogiyn Choibalsan na Mongólia.
Outros regimes socialistas considerados stalinistas foram, ainda, o de Enver Hoxha na Albânia, de Pol Pot no Camboja e de Fidel Castro em Cuba. Já determinados governos, embora socialistas e autoritários, não se encaixam na definição de stalinistas por adotarem outras medidas econômicas e de alinhamento geopolítico distinto, como o regime de Nicolae Ceausescu na Romênia ou de Deng Xiaoping na China.
Entre os stalinistas mais recentes, podem-se citar Bernard Coard em Granada e Abdullah Öcalan, líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistão e o Partido Comunista do Brasil - PCdoB.
Desestalinização
O stalinismo no mundo inteiro sofreu um forte revés com a decisão do dirigente soviético Nikita Khrushchov de renegar o legado de Stalin, no discurso secreto proferido no XX Congresso do PCUS (23 de fevereiro de 1956), ao "denunciar os crimes" que seu antecessor teria cometido durante as décadas de sua gestão à frente da URSS. Segundo o dirigente, os expurgos, os gulags, os campos de trabalho forçado, a fome e as execuções sumárias somadas teriam provocado a morte de milhões (cifras variam de 5 a 20 milhões de indivíduos) de cidadãos soviéticos.
Com as acusações de Kruschov, que também criticou o "culto à personalidade" dos líderes socialistas, militantes e partidos comunistas de vários países optaram por reavaliar o alinhamento às diretrizes de Moscou e a adoração a Josef Stalin, às vezes por autocrítica, outras por revisionismo. Tal processo ficou conhecido como "desestalinização".
Os comunistas ortodoxos e os militantes que permaneceram leais à memória do líder denunciaram a política de Khrushchov como revisionismo e optaram por seguir a orientação de Mao Tsé-Tung na China e, mais tarde, a de Enver Hoxha e do comunismo albanês. Estes países chegaram a cortar as relações com o resto dos países do bloco socialista nos anos 1960. A China continuou a ideologia maoísta; a Albânia rejeitou a condenação do XX Congresso, e declarou fidelidade ao legado de Stalin, por "lealdade ao marxismo-leninismo". A partir de então, passou-se a diferenciar os partidários do socialismo real: pró-soviéticos, pró-albaneses ou hoxhaístas, e maoístas ou pró-chineses.
Os Conselhos Operários ou Sovietes (do russo: сове́т) são conselhos, ou corpos deliberativos, compostos de operários ou membros da classe trabalhadora que regulam e organizam a produção material de um determinado território, ou mesmo indústria. Este termo é comumente usado para descrever trabalhadores governando a si mesmos, sem patrões, em regime de autogestão.
[editar] História
Os Conselhos Operários surgiram pela primeira vez na Revolução Russa de 1905, embora tenha surgido esboços desta forma de organização durante a Comuna de Paris. A partir de sua emergência na Revolução Russa de 1905, os conselhos passam a ser teorizados por Rosa Luxemburgo e principalmente pelos chamados comunistas de conselhos. O reaparecimento dos conselhos na Revolução Russa de 1917, na Revolução Húngara de 1919, na Revolução Italiana de 1919-1920 e na Revolução Espartaquista, ocorrida na Alemanha entre 1918 e 1919, forneceram a base para a teoria dos conselhos de Anton Pannekoek - o principal teórico dos conselhos operários - e demais comunistas conselhistas. Os conselhos voltariam a reaparecer na história contemporânea durante a Revolução Espanhola (1936 - 1939), a Revolução dos Cravos (Portugal, 1974), a Revolução Polonesa de 1980, no Curdistão em 1994, e em várias outras oportunidades.
Em Portugal, a 18 de Janeiro de 1934, uma revolta de operários, sobretudo da industria vidreira, estabeleceu o Soviete da Marinha Grande, mas de breve duração sendo rápidamente esmagado pelas forças leais ao Estado Novo.
[editar] Funcionamento
Anton Pannekoek descreveu os conselhos operários da Revolução Russa de 1905:
Os sovietes, essencialmente, eram simples comitês de greve, tais quais aqueles que aparecem em greves selvagens. Como as greves na Rússia começaram em grandes fábricas, e rapidamente se espalharam pelas cidades menores e distritos, os trabalhadores precisaram manter contato permanente. Nas oficinas, os trabalhadores se juntavam e discutiam regularmente no final da jornada de trabalho, ou continuamente, o dia inteiro, em momentos de tensão. Eles enviavam seus delegados a outras fábricas e aos comitês centrais, onde a informação era trocada, dificuldades discutidas, decisões tomadas, e novas tarefas consideradas.
Mas aqui as tarefas se mostraram mais abrangentes do que em greves comuns. Os trabalhadores precisavam se livrar da pesada opressão Tzarista; eles sentiram que, por sua ação, a sociedade russa estava transformando suas bases. Eles tiveram que discutir não só salários e condições de trabalho, mas todas as questões relativas à sociedade em geral. Eles tiveram que achar seu próprio rumo nesse campo e tomar decisões sobre questões políticas. Quando a greve se alastrou, se estendeu por todo o país, parou toda a indústria e tráfego e paralizou as funções do governo, os sovietes foram confrontados com novos problemas. Eles tiveram que regular a vida pública, tiveram que cuidar da ordem e da segurança públicas, eles tiveram que providenciar os serviços públicos essenciais. Eles tiveram que desempenhar funções de governo; o que eles decidiram era executado pelos trabalhadores, enquanto o governo e a polícia ficavam de lado, conscientes de sua impotência contra as massas rebeldes. Então os delegados de outros grupos, de intelectuais, camponeses, soldados, que vieram para se juntar aos sovietes centrais, tomaram parte nas discussões e decisões. Mas todo esse poder foi semelhante a um clarão de raio, como um meteoro passando. Quando finalmente o governo Tzarista reuniu sua força militar e golpeou o movimento, os sovietes desapareceram.
Ditadura do proletariado
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A Ditadura do Proletariado é um conceito marxista polêmico que basicamente trata do período de transição entre a sociedade capitalista e a sociedade comunista. Há pelo menos duas interpretações do que seja a 'Ditadura do Proletariado': a clássica(Marx e Engels) e a bolchevista(Lenin).
Índice
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* 1 A Ditadura do Proletariado no Marxismo Clássico
* 2 A apropriação da Ditadura do Proletariado na versão do Bolchevismo
* 3 A crítica marxista da Ditadura do Proletariado na versão do Bolchevismo
* 4 Ver também
[editar] A Ditadura do Proletariado no Marxismo Clássico
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Relacionados[ Expandir ]
Bolchevique
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Burocratização
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Georg Lukács
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Olga Benário
A Ditadura do Proletariado para Marx, representa uma fase de dominação direta do proletariado sobre a burguesia. Representa um governo baseado na força e garantido pela força, enquanto que para um regime não ditatorial se trata de um governo baseado na lei e garantido pela força(exército, polícia, prisões, etc).
O sentido da Ditadura do Proletariado não é estratégico, mas essencial. Trata-se da culminância do processo de guerra civil entre as classes ou de sua tensão. A guerra civil já é em si um momento de violência exposta, em que a "legalidade" já está totalmente suspensa. Nesse conceito, a ditadura do proletariado nada mais é do que o resultado vitorioso do proletariado dessa guerra civil, sendo que sua derrota sempre culmina numa vitória de uma ditadura de seu agressor(vide Fascismo, Nazismo, ditaduras Latino-Americanas, etc).
Para o marxismo, a ditadura representa uma condição necessária para que a classe no poder transforme a sociedade, e para isso, não pode está limitada pela tradição formal-política(leis) da sociedade anterior. É necessário que, a classe manifeste todas as suas tendências, e somente após essas tendências se estabelecerem, é que naturalmente a nova legalidade se institua como um Direito consuetudinário, validado pelo que for se estabelecendo nessa nova sociedade sem classes(e que necessariamente será totalmente hostil a tradição classista que a antecede).
A diferença é que, sendo a revolução comunista uma revolução de uma classe que não subjuga nenhuma outra classe, sua "legalidade" se instituirá sem o advento de um Estado que imponha a lei(ou seja, em sentido marxista, uma classe que se impôe sobre outra), mas como expontâneo consenso conquistado pelo próprio desenrolar do poder da classe em uma sociedade progressivamente sem classes, e que portanto, potencialmente consensual. O poder arbitrário da ditadura só existirá para fazer a transição, ou seja, destruir o capitalismo e contruir o comunismo. Esse poder não é estatal, como está na obra Guerra Civil na França de Karl Marx, mas reside no Povo em Armas. E o povo em armas(ou seja, o proletariado armado) é em si o poder proletário e o fim do Estado(o Estado enquanto instrumento de dominação de classe, burocracia e de monopólio da violência).
[editar] A apropriação da Ditadura do Proletariado na versão do Bolchevismo
Para o bolchevismo a "ditadura do proletariado é a ditadura do partido comunista"(Lenin). Se diferencia da versão clássica porque a ditadura é necessariamente um Estado. Diferencia também porque enquanto para Marx se trata de uma revolução do proletariado independente(ainda que apoiada por simpatizantes de outras classes), na Rússia se torna um Estado "camponês e operário". Outra diferença marcante é que enquanto para Marx, a emancipação do proletariado é tarefa do proletariado, para Lenin, a emancipação do proletariado é tarefa do partido comunista(visto como Vanguarda Proletária).
Também tem a mesma atribuição de ser uma transição do capitalismo para o comunismo, sendo que para Lenin e Trotsky, nessa fase a Rússia tem ainda de passar pelo capitalismo(um capitalismo que seria controlado pelo operário e camponês), criaria as bases objetivas para o socialismo e adentrando neste. Para Stalin, esta "Ditadura do Proletariado" já era o socialismo realizado.
[editar] A crítica marxista da Ditadura do Proletariado na versão do Bolchevismo
Antes de mais nada, o simbolo da foice e do martelo não tem significação comunista-marxista(ainda que aqui na Wikipedia ainda permaneça como ilustração do comunismo), pois se trata de uma interpretação sui-generis bolchevique do marxismo, que contraditava Marx, que defendia o proletariado como classe independente, e que identificava o camponês como classe reacionária(pois representava um modo de produção decadente e superado).
A 'Ditadura do Proletariado" foi um conceito indevidamente apropriado pelo bolchevismo para representar a ditadura burocrática que se instalou após a perda progressiva de poder dos comitês de fábricas como auto-representação do proletariado nos sovietes(o proletariado russo era minoria social) sendo este substituído pela tradicional representação do tipo democrático-formal(o que alguns denominam de democracia burguesa) nos soviestes(conselhos de representantes operários). A tensão entre partido e sovietes, como representação do proletariado na Rússia, sempre foi posto em questão pelos partidos menchevique e bolchevique.
Os mencheviques foram os primeiros a apoiarem os sovietes. Na eminência da revolução, o partido bolchevique apoiou o sovietes na palavra de ordem de Lenin "Todo poder aos sovietes", enquanto os mencheviques se posicionavam contra uma revolução comunista que num país como a Rússia seria utópico, e se posicionavam para que os sovietes permanecesse como uma força social-política, mas não tomassem o poder. A posição bolchevique, reforçada pela guinada repressiva do governo "liberal" e as crises que se avolumaram na época, foi a vitoriosa.
A tensão entre sovietes e o partido bolchevique foi totalmente diluída com o fim dos comitês de fábrica realizado pelo Partido Bolchevique, substituíndo-os pela representação do voto. E futuramente, o soviete perdeu qualquer poder político, sendo o partido(a cúpula do partido, sobretudo), no período stalinista, a única expressão de poder político efetivo. Com isso se generalizou a tese de que tais experiências do dito "socialismo real" representavam, não a ditadura do proletariado, mas a ditadura do partido. O soviete permaneceu como poder meramente simbólico.
A ditadura burocrática que se viu na Rússia tem para muitos marxistas(vide História do Marxismo) um regime nitidamente jacobino ou neojacobino de longa duração. Um regime terrorista, nacionalista, ditatorial, burocrático e revolucionário. Nesse sentido, numa análise marxista, expressa uma fase do desenrolar da Rússia para um capitalismo retardatário, por isso, formando em seu seio diversas ideologias contraditórias, desde o patriotismo stalinista autoritário até o internacionalismo trotskista, e um regime que busca coincidir interesses contraditórios como o "operário e camponês" de Lenin. Num entanto, um regime que herdava de seu passado uma imensa máquina burocrática que só caiu com a crise econômica do "bloco" e o fim do bolchevismo na Rússia.